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Tensões no Oriente Médio abalam produtores de grãos e mercado de insumos no Brasil

Colheitadeira trabalhando em lavoura de milho ao sol forte, mostrando tecnologia agrícola moderna e produtividade na agricultura brasileira.

Por Ana Mano

SÃO PAULO (Reuters) – As tensões no Oriente Médio, que tem grandes importadores de alimentos e fornecedores estratégicos de fertilizantes, como o Irã, têm abalado os produtores e comerciantes de grãos no Brasil, no momento em que uma grande quantidade de milho chega ao mercado e a safra de soja 2025/26 é preparada.

Frederico Humberg, fundador da comercializadora de grãos AgriBrasil, estima que as tensões na região poderiam impor perdas de R$5 bilhões aos produtores brasileiros de grãos, com base em custos mais altos de insumos como a ureia, um nutriente essencial para o milho, cujo preço subiu 100 dólares por tonelada recentemente.

Os exportadores também lidam com um aumento de 20% nos custos de frete marítimo, de cerca de 7 dólares por tonelada em algumas rotas, em meio à volatilidade continuada dos mercados.

“Ainda temos 80 milhões de toneladas para embarcar”, disse ele, referindo-se tanto ao milho quanto à soja.

O Irã é responsável por atender de 17% a 20% da demanda de fertilizantes de ureia do Brasil e comprou cerca de 12% das exportações de milho do país sul-americano no ano passado, que foram de quase 38 milhões de toneladas.

Os agricultores brasileiros, que atualmente estão colhendo uma enorme segunda safra de milho, poderiam exportar 44 milhões de toneladas nesta temporada, disse a consultoria Agroconsult esta semana. Mas, neste ano, a expectativa de oferta abundante de Estados Unidos, Argentina e Ucrânia significa uma concorrência acirrada para os produtores brasileiros.

Maurício Buffon, produtor de Tocantins, vê uma perspectiva desafiadora.

“Tenho muito milho para comercializar. Infelizmente… se fechou um mercado de 4,5 milhões de toneladas, isso é muita coisa”, disse ele à Reuters, referindo-se ao Irã. Ele acrescentou que os negócios com milho estão sendo feitos mais no mercado interno.

A esta altura, Buffon já teria encomendado pelo menos parte dos nutrientes necessários para sua segunda safra de milho em 2026. Mas os preços mais altos e a volatilidade o mantiveram fora do mercado, disse ele.

Para complicar a situação, além do Irã, os compradores de milho chineses estariam retraídos, de acordo com a Agroconsult esta semana.

Endrigo Dalcin, produtor no Mato Grosso, descreveu um mercado de insumos “estagnado” no interior do Brasil, em meio às tensões do Oriente Médio.

Ele ainda não comprou sementes, produtos químicos e os fertilizantes que usará para plantar sua nova safra de soja em setembro.

“Os silos estão cheios e os bolsos vazios”, disse ele. Dalcin também mencionou uma taxa de câmbio desfavorável que prejudica as perspectivas de ganhos do produtor na exportação do milho.

Marcos da Rosa, outro fazendeiro de Mato Grosso, disse que um fornecedor de insumos atrasou a entrega de uma parte do fertilizante fosfatado que ele havia encomendado, sem dar um motivo. Ele disse que o vendedor “ofereceu dinheiro de volta”, mas ele recusou porque esse dinheiro não seria suficiente para comprar a mesma quantidade de fertilizante agora.

“Aí vem uma guerra no meio do caminho… aumentando os custos e ainda [deixando o Brasil] sujeito a perder um importador”, disse ele, referindo-se ao Irã.

(Reportagem de Ana Mano)

 

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