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Brasil comprará “scanner” que identifica origem do ouro para combater extração ilegal na Amazônia

Brasil comprará “scanner” que identifica origem do ouro para combater extração ilegal na Amazônia

Brasil comprará "scanner" que identifica origem do ouro para combater extração ilegal na Amazônia

Por Ricardo Brito e Anthony Boadle

BRASÍLIA (Reuters) – A Polícia Federal vai receber uma verba milionária via recursos do Fundo Amazônia para comprar um “scanner” que identifica a origem do ouro para auxiliar no combate à extração ilegal do minério no país, principalmente em terras indígenas na região amazônica, disse à Reuters o diretor de Meio Ambiente e Amazônia da PF, Humberto Freire.

A iniciativa ocorre no momento em que o Território Yanomami, uma área do tamanho de Portugal rica no minério, tem sido alvo do retorno de garimpeiros ilegais, o que tem levado a uma grave crise humanitária para os indígenas.

Em entrevista exclusiva, Freire disse que 50 milhões de reais já foram aprovados para a compra do “scanner” importado e de outros equipamentos. A liberação dos recursos sairá em breve, acrescentou.

A intenção é que, com o scanner, a PF consiga acelerar a identificação da procedência do ouro e se ele é de um local de lavra legalizada ou não. Atualmente, a corporação faz esse tipo de mapa do perfil do minério, uma espécie de DNA do ouro, por meio do projeto “Ouro Alvo”, em parceria com a Universidade de São Paulo (USP).

Há anos a corporação vem montando aos poucos um banco de dados, que chama de “ouroteca”, com cada uma das regiões em que o ouro está presente, mas quer ampliar essa triagem com o “scanner”.

Freire e uma equipe da PF estiveram no Instituto de Geologia da França para conhecer equipamentos de última geração que fazem essa análise do minério. Em vez da necessidade de se colocar um lingote — uma bloco do metal fundido –, apenas com um farelo já é possível fazer a triagem das características do ouro neste novo equipamento.

Países como Japão, Estados Unidos e nações europeias estão entre os fornecedores desse tipo de equipamento, além de também usá-los. O Brasil ainda avalia qual modelo irá comprar, segundo Freire.

“Nosso objetivo é esgotar a prospecção do perfil isotópico de todas as áreas auríferas do Brasil”, disse Freire, acrescentando que o equipamento também poderá ser usado para identificar ouro procedente dos demais países da Amazônia a partir da inauguração do Centro de Cooperação da Polícia Internacional (CCPI), ainda neste primeiro semestre.

“Aí a gente cria uma ‘ouroteca’ que consegue identificar se veio inclusive de uma área aurífera dos outros países”, acrescentou.

O próprio CCPI vai receber 9 milhões de reais em recursos do Fundo Amazônia. O local ficará em Manaus e deverá atuar como uma espécie de hub para a PF, as polícias estaduais da região amazônica e as polícias dos demais países da Amazônia no combate a crimes.

Polícias de países europeus e de outros continentes — muitos dos quais são as nações destinatárias das mercadorias remetidas ilegalmente — também foram convidados a participar do centro.

 

REFORÇOS

Parte da verba de 50 milhões de reais também será usada para aumentar a quantidade de pistolas de foto-análise do ouro capazes de fazer uma avaliação preliminar da origem do minério. Esse tipo de equipamento deverá ser empregado em aeroportos e outros pontos alfandegários identificados por autoridades como rotas de remessa de minério de origem ilegal para fora do país.

“As pistolas nos ajudam a fazer a análise do minério. Muitas vezes também não há convergência com a documentação, a origem do ouro”, destacou o diretor, que não soube precisar quantas pistolas serão adquiridas.

A atuação do CCPI também deverá ser ampliada, com aumento da capacidade aerotática. A PF vai abrir uma base de helicópteros e aviões em Manaus para atuar em conjunto com o centro. O local tem uma importância operacional porque é o melhor ponto para acesso aos Estados da Amazônia.

Um exemplo do que uma pista poderia melhorar nos trabalhos da corporação: o helicóptero da PF atualmente em operação na Terra Indígena Yanomami, usado na operação da semana passada, veio de Brasília e, por isso, teve de fazer uma série de pousos e abastecimentos durante o trajeto.

 

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