BRUXELAS (Reuters) – A União Europeia e o Mercosul devem finalizar nesta sexta-feira um esperado acordo comercial, que deve enfrentar uma batalha tortuosa para ser aprovado na Europa devido à firme oposição da França.
Após negociações que se estenderam por mais de 20 anos e cinco anos depois de um acordo inicialmente firmado, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e os líderes do Mercosul devem anunciar um acordo às 9h30 (horário de Brasília) em Montevidéu, capital do Uruguai.
Von der Leyen viajou para o Uruguai na quinta-feira antes da planejada cúpula do bloco, que inclui Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai, poucas horas depois do colapso do governo do presidente francês, Emmanuel Macron.
A França, o crítico mais veemente do acordo na UE, classificou-o como “inaceitável” e fontes diplomáticas disseram que a Comissão Europeia está correndo um grande risco, com a aprovação dos membros da UE longe de ser certa.
Agricultores europeus têm protestado repetidamente contra o acordo que, segundo eles, levaria a importações baratas de commodities sul-americanas, principalmente carne bovina, que não atenderiam aos padrões de segurança alimentar e ecológica da UE.
A Itália disse na quinta-feira que não há condições para assinar um acordo. A Polônia afirmou na semana passada que se opõe ao acordo em sua forma atual.
Grupos ambientalistas europeus também se opõem amplamente ao acordo. O Friends of the Earth o chama de acordo “destruidor do clima”.
Por outro lado, um grupo de membros da UE, incluindo Alemanha e Espanha, afirma que o acordo é vital para o bloco, que busca diversificar seu comércio após o quase fechamento do mercado russo e o desconforto com a dependência da China.
Eles veem o Mercosul como um mercado para carros, máquinas e produtos químicos da UE e uma fonte potencialmente confiável de minerais essenciais, como o lítio metálico para baterias, necessário para a transição energética da Europa.
Eles também apontam para os benefícios agrícolas, uma vez que o acordo oferece maior acesso e tarifas mais baixas para queijos, presunto e vinho da UE.
O acordo comercial exigiria a aprovação de 15 dos 27 membros da UE, representando 65% da população da UE, além de uma maioria simples no Parlamento Europeu.
Os negociadores sul-americanos continuam otimistas de que a UE acabará dando sua aprovação e que a França não conseguirá reunir uma minoria para bloquear o acordo.
(Por Philip Blenkinsop)