SÃO PAULO (Reuters) – Nova ferramenta de pagamentos instantâneos lançada pelo Banco Central, o Pix Automático tende a diminuir custos para empresas e reduzir o uso do débito automático e dos boletos para pagamento de contas recorrentes, afirmaram nesta quarta-feira representantes do BC.

Em evento em São Paulo, o diretor de Organização do Sistema Financeiro do BC, Renato Gomes, afirmou que o Pix Automático será um produto “notadamente mais barato” que a oferta de débito automático e de boletos para recebimentos regulares — de contas mensais, por exemplo.

Segundo o diretor, como o nível de concorrência entre as instituições financeiras é grande no universo do Pix, a tendência é de que os bancos nem cobrem das empresas para viabilizar o Pix Automático. Neste caso, os bancos iriam obter lucros em outras operações provenientes do relacionamento com as empresas.

“(O Pix Automático) vai atacar diretamente o débito automático e tende a canibalizar o boleto”, afirmou Gomes durante coletiva de imprensa, lembrando que as duas ferramentas atuais para cobrança recorrente de clientes têm custos para as empresas.

Mais cedo, na abertura do evento da terceira edição do evento Conexão Pix, o presidente do BC, Gabriel Galípolo, afirmou que a nova ferramenta permitirá a redução de custos das empresas, incluindo as de grande porte.

O Pix Automático, que começará a funcionar em 16 de junho, permitirá que os usuários pagem contas recorrentes em geral, como as de energia, telefone e escolas, de forma automática.

“As grandes empresas vão poder colocar cobranças recorrentes através do Pix, com custo muito menor”, disse Galípolo.

No evento, Gomes defendeu que o Pix Automático terá um “impacto notável” para empresas de todos os tamanhos, e não apenas as grandes.

“Hoje, se empresa quer realizar débito automático, ela tem que fazer um acordo bilateral com o banco e abrir uma conta. (Mas) somente as empresas grandes realizam estes acordos com bancos grandes”, afirmou Gomes.

Segundo ele, com o Pix Automático as empresas em geral, incluindo concessionárias de serviços públicos e pequenos negócios, poderão ofertar aos clientes o pagamento recorrente.

Além do custo menor, as empresas poderão consolidar toda sua atividade em uma única conta de uma instituição financeira, reduzindo a burocracia atual de recebimentos por débito automático, que muitas vezes exigem convênios com diversos bancos e abertura de várias contas.

Gomes afirmou que uma rede grande de academias de ginástica, por exemplo, pode ter atualmente um serviço de débito automático ligado a várias instituições financeiras, mas que isso é inviável para uma academia de bairro. Com o Pix Automático, o pagamento recorrente será mais simples.

“Vamos ter um efeito sobre concorrência bancária muito importante”, disse Gomes durante a coletiva.

FUNCIONAMENTO

Conforme o BC, o cliente de qualquer empresa, como uma prestadora de serviços, poderá autorizar um pagamento recorrente — mensal, por exemplo — por meio do Pix Automático. A autorização será feita dentro de parâmetros, como o valor máximo de cada pagamento e informação sobre se haverá utilização ou não de linha de crédito.

Dias antes do pagamento, a empresa enviará a cobrança ao banco do cliente que, por sua vez, agendará o pagamento e notificará o pagador. Assim, o cliente poderá conferir se está tudo correto com a transação. No dia do pagamento, a cobrança é efetivada.

De acordo com o BC, para evitar fraudes apenas empresas que tenham mais de seis meses de funcionamento poderão oferecer o Pix Automático como forma de pagamento recorrente. Além disso, o nome da empresa solicitante precisa coincidir com o nome cadastrado na Receita Federal.

(Por Fabrício de Castro)