thomson reuters

BLOG | REVISTA DOS TRIBUNAIS

Generic selectors
Exact matches only
Search in title
Search in content
Post Type Selectors

Lula critica protecionismo e defende multilateralismo em reunião de negociadores do Brics

Lula da Silva em uma conferência, discutindo temas relevantes para o Brasil. O ex-presidente apresenta suas ideias com entusiasmo e clareza.

Por Lisandra Paraguassu

BRASÍLIA (Reuters) – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva aproveitou discurso em reunião com negociadores dos países do Brics nesta quarta-feira para exaltar o multilateralismo e criticar o protecionismo, argumentando que o aumento das barreiras comerciais impõe a busca por alternativas.

“O recurso ao unilateralismo solapa a ordem internacional. Quem aposta no caos e na imprevisibilidade se afasta dos compromissos coletivos que a humanidade precisa urgentemente assumir. Negociar com base na lei do mais forte é um atalho perigoso para a instabilidade e para a guerra”, disse o presidente.

“Frente à polarização e à ameaça de fragmentação, a defesa consistente do multilateralismo é o único caminho que devemos trilhar.”

A reunião de sherpas do Brics dá a largada para a cúpula que acontece em julho, no Rio de Janeiro, sob a presidência brasileira, em um ano em que alterações geopolíticas com a volta de Donald Trump na Presidência dos Estados Unidos coloca ainda mais sob risco o multilateralismo.

Em sua fala, Lula lembrou a proposta de China e Brasil para negociações de paz, de um modo geral ignorada pelos países europeus.

“Mudanças vertiginosas no cenário internacional tornam essa convocação ainda mais necessária”, disse, voltando a cobrar a necessidade de reforma da Organização das Nações Unidas.

A reforma é uma das seis prioridades apresentadas pelo Brasil para essa cúpula. Outra delas, é reforçar as relações comerciais entre os 11 atuais membros do bloco, com ampliação do uso de moedas locais nas relações comerciais. A medida tem sido confundida eventualmente com a criação de uma moeda própria, inclusiva pelo presidente dos EUA, que atacou a ideia como uma tentativa de substituição do dólar.

“A atual escalada protecionista na área de comércio e investimentos reforça a importância de medidas que busquem superar os entraves à nossa integração econômica. Aumentar as opções de pagamento significa reduzir vulnerabilidades e custos. A presidência brasileira está comprometida com o desenvolvimento de plataformas de pagamento complementares, voluntárias, acessíveis, transparentes e seguras”, defendeu Lula em seu discurso.

Como mostrou a Reuters, o objetivo das medidas, que já estão em curso e devem ser ampliadas é estimular novas tecnologias e promover o barateamento dessas operações, se apoiando sobre padrões compatíveis com os desenvolvidos por organismos multilaterais mais amplos, como o Banco de Compensações Internacionais (BIS).

De acordo com o sherpa brasileiro, embaixador Maurício Lyrio, o uso de moedas locais e outras medidas já são praxe no comércio bilateral e a intenção é ampliá-las. Ele explica que os membros do bloco representam entre 30% e 40% do poder de compra mundial, mas o comércio intrabloco é de apenas 25%, o que mostra um potencial de crescimento.

“A intenção é reduzir custos de operação e tem uma miríade de possibilidades. Não se discute a ideia de uma moeda Brics, há equívoco sobre isso”, afirmou em entrevista na última sexta-feira.

O Brasil ainda tem como prioridades a criação de uma coalizão dos 11 países do bloco, todos emergentes, para apresentar uma posição conjunta sobre financiamento das mudanças climáticas na próxima COP30, também presidida pelo Brasil.

A avaliação é que os valores acordados ficaram muito aquém do necessário, ao mesmo tempo em que os países desenvolvidos passaram a cobrar os emergentes que participem do financiamento, uma posição rejeitada pelos Brics e outros países do Sul Global.

 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Mais lidas

Post Relacionado

Imagem da Casa Branca em Washington, D.C., durante o pôr do sol, com árvores ao redor e céu claro ao fundo.

Câmara dos EUA aprova legislação sobre stablecoins e texto vai para Trump

Por Chris Prentice e Hannah Lang (Reuters) – A Câmara dos EUA aprovou nesta quinta-feira um projeto de lei para criar uma estrutura regulatória para tokens de criptomoedas atrelados ao dólar, conhecidos como stablecoins, e o texto vai agora para o presidente Donald Trump, que deve sancioná-lo. A votação marca

Duas pessoas em uma conferência na BRICS 2025, com um fundo com logo do BRICS e uma árvore estilizada multicolorida, um deles falando ao microfone.

Mauro Vieira diz que Lula e Trump poderão conversar se houver circunstância

BRASÍLIA (Reuters) – O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, disse nesta quinta-feira ter certeza de que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva conversará com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, se houver circunstância, argumentando que os dois líderes ainda não se encontraram por falta de oportunidade. Em

REVISTA DOS TRIBUNAIS
Privacy Overview

This website uses cookies so that we can provide you with the best user experience possible. Cookie information is stored in your browser and performs functions such as recognising you when you return to our website and helping our team to understand which sections of the website you find most interesting and useful.