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Eleitores venezuelanos rejeitam jurisdição da Corte Internacional em disputa com Guiana

Eleitores venezuelanos rejeitam jurisdição da Corte Internacional em disputa com Guiana

Eleitores venezuelanos rejeitam jurisdição da Corte Internacional em disputa com Guiana

Por Deisy Buitrago

CARACAS/GEORGETOWN (Reuters) – Os eleitores da Venezuela rejeitaram a jurisdição da Corte Internacional de Justiça (CIJ) sobre a disputa territorial do país com a Guiana e apoiaram a criação de um novo Estado na região de Esequibo, potencialmente rica em petróleo, em um referendo realizado no domingo.

A corte proibiu na sexta-feira a Venezuela de tomar qualquer medida que altere o status quo na área, que é objeto de um processo ativo perante a CIJ, mas o governo do presidente Nicolás Maduro prosseguiu com um referendo “consultivo” de cinco questões.

Todas as questões foram aprovadas com mais de 95% de apoio, de acordo com o presidente da autoridade eleitoral, Elvis Amoroso, que disse que pelo menos 10,5 milhões de votos foram dados para o “sim”, mas não confirmou o número de eleitores.

Alguns analistas políticos e de segurança consideraram o referendo uma demonstração de força de Maduro e um teste de apoio ao seu governo antes da planejada eleição presidencial de 2024.

A corte afirmou em abril que tinha jurisdição, embora uma decisão final sobre o assunto possa demorar anos. A Venezuela disse que a questão deveria ser resolvida pelos dois países.

Maduro comemorou o “sucesso total” da votação no final do domingo.

“O povo venezuelano se manifestou em alto e bom som”, disse ele a uma multidão que o aplaudia.

O que está em questão é uma região de 160.000 quilômetros quadrados, em sua maior parte composta por uma selva densa. A Venezuela reativou sua reivindicação sobre o território nos últimos anos após a descoberta de petróleo e gás offshore.

“O objetivo do governo (de Maduro) é enviar uma mensagem de força à Guiana”, disse o professor de política da Universidade Central da Venezuela Ricardo Sucre, acrescentando que Maduro também está pensando em possíveis desenvolvimentos de petróleo e gás.

A fronteira marítima entre os dois países também está em disputa.

Não houve campanha organizada contra o referendo e analistas esperavam que os eleitores que se opusessem a ele ficassem em casa.

Há mais de 20 milhões de eleitores na Venezuela. Testemunhas da Reuters visitaram centros de votação em todo o país — muitos tinham poucas ou nenhuma pessoa esperando na fila.

Em Maracaibo, no Estado de Zulia, rico em petróleo, os mesários disseram à Reuters que o comparecimento às urnas foi baixo.

“Temos que votar pela defesa de nossa nação porque Esequibo nos pertence e não podemos deixá-lo para os gringos”, disse a aposentada Carmen Pereira, de 80 anos, em um centro de votação em Caracas.

As autoridades estenderam a votação por duas horas.

“O governo está realizando o referendo por razões internas”, disse Benigno Alarcón, diretor do Centro de Estudos Políticos da Universidade Católica Andrés Bello, em Caracas. “Ele precisa testar sua máquina eleitoral.”

A votação de domingo causou ansiedade na Guiana, com o governo pedindo aos cidadãos que mantenham a calma.

O presidente da Guiana, Irfaan Ali, participou de um comício no domingo, juntando-se a centenas de apoiadores. Ele disse que a decisão da CIJ na sexta-feira proíbe a Venezuela de “anexar ou invadir o território guianense”.

O Brasil disse na quarta-feira que havia intensificado “ações defensivas” ao longo de sua fronteira norte em meio à disputa territorial.

(Reportagem de Deisy Buitrago, Vivian Sequera e Mayela Armas em Caracas; Mariela Nava em Maracaibo; Mircely Guanipa em Maracay; Tibisay Romero em Valencia; e Kiana Wilburg em Georgetown)

 

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