(Reuters) – O número de mortes confirmadas em decorrência das enchentes que devastaram o Rio Grande do Sul subiu para 147, ante 143 relatadas no dia anterior, com 127 pessoas ainda desaparecidas, disse a Defesa Civil do Estado em balanço nesta segunda-feira.
Em seu comunicado, o órgão também informou que o número de desalojados pelos eventos climáticos passou de 538 mil, sendo que 447 municípios gaúchos, de 497 no total, foram atingidos pela crise. Mais de 2,1 milhões de pessoas foram afetadas.
As chuvas intensas no Estado têm provocado o aumento do nível de uma série de rios, causando enchentes de grandes proporções em diversas cidades gaúchas e afetando os esforços das equipes de resgate para alcançar sobreviventes.
Em meio à tragédia, o maior desastre climático da história do Rio Grande do Sul, os gaúchos passaram a enfrentar uma crise de abastecimento, com escassez de alimentos e outros suprimentos básicos. Entidades e instituições de todo o país têm promovido doações de itens para a região, mas as enchentes têm dificultado a chegada dos suprimentos.
Uma reportagem da Reuters publicada no domingo mostrou ainda que, mesmo após duas semanas de as enchentes terem assolado o Estado, o Rio Grande do Sul entrou novamente em alerta, com o risco das águas voltarem a subir antes mesmo de chegarem a baixar de fato.
Sob chuvas intensas desde sexta-feira, a região dos vales dos rios dos Sinos, Taquari, Caí e Jacuí — que fica a cerca de 100 quilômetros a oeste de Porto Alegre — já registram altas significativas, assim como o Guaíba, que banha a capital e estão acima da chamada cota de inundação em várias localidades.
O Guaíba, que recebe a água de toda a região dos vales, aumentou 23 centímetros entre a tarde de sábado e a manhã desta segunda-feira, chegando ao nível de 4,8 metros.
Em entrevista à rádio Gaúcha, o pesquisador Fernando Fan, do Instituto de Pesquisas Hidrológicas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, previu que o Guaíba possa ultrapassar os 5,35 metros registrados na semana passada, recorde histórico de inundação da capital gaúcha, chegando a 5,50.
No Vale do rio Taquari, onde os moradores tentavam voltar a suas casas, um novo alerta agora pede que as pessoas deixem as áreas de risco, no entorno do rio e nas partes mais altas, com perigo de deslizamento.
O rio Taquari chegou a subir mais de 30 centímetros por hora ao longo do fim de semana, de acordo com medições feitas pela prefeitura de Estrela, outra cidade da região. A prefeitura colocou alertas de retirada em redes sociais e carros de som que passam na cidade.
Nesta segunda-feira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva adiou uma viagem ao Chile, inicialmente agendada para 17 e 18 de maio, para se concentrar na resposta do governo às enchentes que têm atingido o Rio Grade do Sul, disse o Ministério das Relações Exteriores em comunicado.
O governo estadual informou que mais de 286 mil pontos estão sem energia elétrica na região, enquanto mais de 131 mil pessoas seguem sem abastecimento de água. Empresas prestadoras de serviços de telefonia também tem relatado problemas em pelo menos uma dezena de municípios.
Havia ainda 105 trechos bloqueados de forma total ou parcial em 59 rodovias estaduais, segundo o governo. O Aeroporto Internacional Salgado Filho, em Porto Alegre, segue com suas operações suspensas por tempo indeterminado após ser tomado pelas águas.
Os portos de Porto Alegre e Pelotas ainda estavam com as atividades paralisadas, enquanto o porto de Rio Grande funcionava normalmente.
(Por Fernando Cardoso, em São Paulo; Reportagem adicional de Lisandra Paraguassu, em Porto Alegre)