Por Nicolás Misculin e Horacio Soria
BUENOS AIRES (Reuters) – Pesquisadores argentinos afirmam que o segundo turno presidencial de 19 de novembro entre o radical Javier Milei e o atual ministro da Economia Sergio Massa está aberto, embora Milei tenha uma ligeira vantagem.
Mas eles estão cautelosos em fazer previsões concretas após duas surpresas eleitorais contundentes.
A eleição para decidir o próximo presidente da Argentina, uma das mais importantes em uma geração, coloca Milei, um economista libertário que propõe a dolarização da economia e a redução dos gastos do Estado, contra o candidato dos peronistas que dominam a política há décadas, mas que estão sendo responsabilizados pela inflação de três dígitos e por uma recessão iminente.
A maioria das pesquisas recentes mostra Milei com uma ligeira vantagem sobre Massa. No entanto, os pesquisadores com os quais a Reuters conversou disseram que a disputa está “totalmente aberta” e que qualquer um dos candidatos pode vencer.
“Se as eleições fossem hoje, Milei venceria”, previu Shila Vilker, diretora da consultoria Trespuntozero, cuja análise mostra o candidato de extrema-direita à frente por uma margem estreita.
“Mas é preciso considerar o que aconteceu na eleição primária e na eleição geral: movimentos de quatro ou cinco pontos na última semana, ou mesmo nos últimos três ou quatro dias.”
Na votação do primeiro turno, no mês passado, Massa superou as estimativas pré-eleitorais e venceu Milei por quase sete pontos. Entretanto, desde então, Milei ganhou o apoio da terceira colocada Patricia Bullrich, enquanto a dolorosa escassez de gasolina e diesel no início de novembro pode pesar sobre Massa.
Uma pesquisa recente da Aresco mostra Milei com uma vantagem de quatro pontos, enquanto outra da Universidade de San Andrés mostra o libertário com 40% contra 34% de Massa. Uma pesquisa da Atlas Intel também deu a Milei uma pequena vantagem.
A pesquisa Analogias mostrou Massa à frente, mas por menos de três pontos, o que reduziu pela metade a vantagem prevista pela mesma pesquisa uma semana antes.
A chave será conquistar os eleitores dos perdedores do primeiro turno, especialmente os da conservadora Bullrich, que apoiou Milei publicamente, mas cuja coalizão está profundamente dividida. Ela obteve quase 24% dos votos no primeiro turno.
Lautaro Díaz, de 35 anos, que pretende votar em Milei, disse que o apoio de Bullrich tornou “mais real a possibilidade de (Milei) vencer”.
Massa, por sua vez, tem procurado conquistar os eleitores prometendo proteger os generosos esquemas de bem-estar social que formam a espinha dorsal da política peronista. O plano de “motosserra” de Milei para reduzir o Estado colocaria esses programas em risco em um momento em que muitos dependem deles, advertiu ele.
“Vou votar em Massa porque acredito que ele é hoje o único com uma visão para o país que parece coerente e que responde às necessidades do povo”, disse Matteo Bettini, de 21 anos.
Federico Aurelio, diretor da empresa de pesquisas Aresco, afirmou que a corrida está totalmente aberta, com bastante tempo para que os eleitores céticos mudem de opinião.
“Há uma proporção muito significativa do eleitorado que vai procurar o que considera o ‘mal menor'”, disse ele.
“Quem conseguir transformar a votação em um referendo sobre o outro ganhará”, completou. “Esse é o paradoxo desta eleição.”