SÃO PAULO (Reuters) – Analistas consultados pelo Banco Central subiram pela sexta vez consecutiva sua projeção para a alta do IPCA neste ano, elevando também as expectativas para a inflação em 2025 e 2026 e para as cotações do dólar, de acordo com a pesquisa Focus divulgada nesta segunda-feira.
O levantamento, que capta a percepção do mercado para indicadores econômicos, mostrou que a mediana das expectativas para a inflação ao consumidor no Brasil este ano agora é de 4,62%, de 4,59% na semana anterior.
Para 2025, também houve aumento, o quarto em sequência, com a projeção do IPCA marcando alta de 4,10%, de 4,03% anteriormente. Os analistas também elevaram pela segunda vez seguida a conta para 2026, chegando a 3,65%, de 3,61%.
O centro da meta oficial para a inflação é de 3,00%, com uma banda de 1,5 ponto percentual permitida para cima ou para baixo.
A mudança na previsão ocorre na esteira da divulgação de dados do IPCA de outubro na sexta-feira, que mostraram uma aceleração dos preços acima do esperado. A alta do índice foi de 0,56% no mês, de um avanço de 0,44% em setembro. Economistas consultados pela Reuters esperavam um aumento de 0,53%.
Nos 12 meses até outubro, o IPCA acumulou avanço de 4,76%, de 4,42% no mês anterior, deixando o índice acima do teto da meta de inflação para este ano e marcando o resultado mais elevado nessa base de comparação desde outubro do ano passado (4,82%).
Contribuindo para o aumento das expectativas de inflação, também está o acirramento das preocupações do mercado com o equilíbrio das contas públicas, com investidores na espera de medidas prometidas pelo governo para cumprir as regras do arcabouço fiscal.
A pesquisa semanal com uma centena de economistas mostrou ainda um aumento na previsão quanto ao preço do dólar ao fim deste ano, agora em 5,55 reais, de 5,50 reais há uma semana. Em 2025, a expectativa avançou para 5,48 reais, de 5,43 reais antes.
Para além dos fatores domésticos, o aumento nas previsões para o preço do dólar ocorrem depois da eleição presidencial dos Estados Unidos, que teve uma grande vitória do ex-presidente Donald Trump. Segundo analistas, as promessas do republicano para a economia, incluindo tarifas, têm potencial inflacionário, o que valorizaria a moeda norte-americana ao manter os juros elevados.
Em relação à expansão da economia, houve manutenção na expectativa para o crescimento do PIB neste ano em 3,10%. Em 2025, a economia brasileira deve crescer 1,94%, de 1,93% na previsão anterior.
Sobre a Selic, foi mantida a expectativa tanto para o fim deste quanto do próximo, com a taxa básica de juros indo a 11,75% em 2024 e a 11,50% em 2025.
Na quarta-feira, o Copom acelerou o ritmo de seu aperto monetário, elevando a Selic em 50 pontos-base, depois de uma alta de 25 pontos em setembro. A taxa agora está em 11,25%.
(Por Fernando Cardoso)