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Lula diz que pode retaliar EUA por eventual taxação e critica plano de Trump para Gaza

Imagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva refletindo em um evento político. A foto captura um momento significativo de sua liderança.

(Reuters) – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reiterou nesta quarta-feira que o Brasil pode retaliar os Estados Unidos com tarifas de importação caso o presidente norte-americano, Donald Trump, decida impor taxas aos produtos brasileiros, e também criticou declarações de Trump sobre a Faixa de Gaza, voltando a classificar de “genocídio” o que aconteceu no enclave.

“É lógico”, respondeu Lula quando questionado sobre a possibilidade do Brasil retaliar possíveis tarifas dos EUA em entrevista às rádios Itatiaia, Mundo Melhor e BandNewsFM BH, de Minas Gerais, .

“Se ele (Trump) ou qualquer país aumentar a taxação com o Brasil, nós iremos utilizar a reciprocidade e taxar eles também. Isso é simples e muito democrático”, completou.

O presidente afirmou que a relação comercial entre Brasil e EUA é “muito boa”, enfatizando os 200 anos de relações diplomáticas entre os dois países, mas apontou que os EUA não podem tentar brigar com todo mundo e que Trump não pode governar apenas com “bravatas”.

“Não é o mundo que precisa dos EUA. Os EUA também precisam do mundo… Ninguém pode viver de bravata a vida inteira, ninguém pode viver ameaçando todo mundo a vida inteira”, disse Lula.

Desde sua campanha presidencial no ano passado, Trump tem ameaçado uma série de países com a imposição de tarifas, justificando a medida para equilibrar a balança comercial dos EUA e como uma forma de aumentar a receita do país para o custeio de outras promessas, como corte de impostos.

O presidente dos EUA havia prometido no fim de semana impor tarifas de 25% sobre México e Canadá e de 10% em produtos da China, citando a necessidade de que esses países ajudem a combater o fluxo de migrantes ilegais — no caso dos vizinhos — e de fentanil na fronteira norte-americana.

Após telefonemas com os líderes de Canadá e México, as taxas sobre os vizinhos foram suspensas por 30 dias na segunda-feira, mas a tarifa sobre as importações chinesas entraram em vigor na terça-feira, com a pendência de um acordo entre Trump e o presidente chinês, Xi Jinping, que retaliou as taxas dos EUA.

Trump também já fez ameaças tarifárias contra a União Europeia e o Brics, que inclui o Brasil, argumentando que este último grupo deve interromper as tentativas de procurar substituir o dólar como principal moeda de comércio e reserva.

Na entrevista desta quarta, Lula defendeu o direito do Brics procurar uma alternativa para o dólar no comércio internacional, apontando que foi os EUA, e não um órgão como a Organização das Nações Unidas (ONU), que definiu a moeda norte-americana como referência para o resto do mundo.

“Temos o direito de discutir a criação uma forma de comercialização (para) que a gente não dependa só do dólar”, afirmou.

CONTROLE SOBRE GAZA

Lula também criticou nesta quarta a declaração de Trump sobre a possibilidade de os Estados Unidos assumirem o controle da Faixa de Gaza, afirmando que a proposta do republicano não faz sentido.

Questionado sobre os planos do presidente dos EUA, Lula ainda voltou a classificar o conflito em Gaza como um “genocídio” e defendeu que o enclave deve ficar sob os cuidados dos palestinos.

“Os EUA participaram do incentivo a tudo que Israel fez na Faixa de Gaza”, afirmou Lula.

“Então não tem sentido o presidente dos EUA se reunir com o primeiro-ministro de Israel e dizer ‘olha nós vamos ocupar Gaza’… e os palestinos vão para onde?”

Durante encontro com o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, na Casa Branca, Trump disse na véspera que os EUA vão controlar Gaza e criar uma “Riviera do Oriente Médio”, depois de reassentar os palestinos em outros lugares, destruindo décadas de política dos EUA sobre o conflito israelense-palestino.

Lula chamou o plano de Trump de “incompreensível” e condenou a mudança implementada pelo presidente dos EUA na política externa do país.

“Os EUA, a vida inteira, foram vendidos como o símbolo da democracia mundial… Ele não pode agora mudar repentinamente do país que vendia a ideia da paz para o país que vende a ideia da provocação e da discordância”, apontou Lula.

 

(Por Fernando Cardoso, em São Paulo)

 

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