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Incêndios na Amazônia provocam perda florestal global sem precedentes em 2024, diz relatório

Incêndio devastador em uma floresta, com fogo alto e fumaça densa, visto ao fundo durante a noite, enquanto uma casa e um cavalo estão em primeiro plano, simbolizando ameaça e desastres ambientais.

Por Manuela Andreoni e Alexander Villegas

SÃO PAULO (Reuters) – Incêndios em grande escala agravados pela mudança climática levaram a perda global de florestas a bater recordes em 2024, de acordo com um relatório publicado na quarta-feira.

Somente a perda de florestas tropicais intocadas atingiu 6,7 milhões de hectares, um aumento de 80% em comparação com 2023 e uma área aproximadamente do tamanho do Panamá, especialmente porque o Brasil, anfitrião da próxima cúpula global sobre o clima em novembro, teve dificuldades para conter incêndios na Amazônia em meio à pior seca já registrada na floresta tropical. Vários outros países, incluindo Bolívia e Canadá, também foram devastados por incêndios florestais.

Foi a primeira vez que o relatório anual, publicado pelo World Resources Institute e pela Universidade de Maryland, mostrou os incêndios como a principal causa da perda de florestas tropicais, um marco sombrio para um ecossistema naturalmente úmido que não deveria queimar.

“Os sinais nesses dados são particularmente assustadores”, disse Matthew Hansen, codiretor de um laboratório da Universidade de Maryland que compilou e analisou os dados. “O medo é que o sinal climático ultrapasse nossa capacidade de responder com eficácia.”

A América Latina foi atingida de forma particularmente dura, segundo o relatório, com o bioma amazônico atingindo seu nível mais alto de perda de floresta primária desde 2016.

O Brasil, que detém a maior parte de floresta tropical do mundo, perdeu 2,8 milhões de hectares, a maior perda entre todos os países. Foi uma reversão do progresso feito em 2023, quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assumiu o cargo prometendo proteger a maior floresta tropical do mundo.

“Isso não tem precedentes, o que significa que temos que adaptar todas as nossas políticas a uma nova realidade”, afirmou André Lima, secretário extraordinário de Controle do Desmatamento e Ordenamento Ambiental Territorial do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, acrescentando que o fogo, que nunca esteve entre as principais causas da perda de florestas, agora é uma prioridade máxima para o governo.

A Bolívia ultrapassou a República Democrática do Congo como o segundo país com a maior perda de florestas tropicais, apesar de ter menos da metade da quantidade de florestas que a nação africana, que também registrou um aumento na perda de florestas no ano passado.

A perda florestal na Bolívia aumentou 200% em 2024, tendo como principais causas seca, incêndios florestais e uma expansão agrícola incentivada pelo governo. Em toda a América Latina, o relatório observou tendências semelhantes no México, Peru, Nicarágua e Guatemala.

Os conflitos na Colômbia e na República Democrática do Congo aumentaram as taxas de desmatamento, com os grupos armados usando os recursos naturais.

Fora dos trópicos, as florestas boreais também registraram um recorde de perda de árvores em 2024, com Canadá e Rússia perdendo 5,2 milhões de hectares cada em 2024, em meio a incêndios sem controle.

O Sudeste Asiático contrariou a tendência global. Malásia, Laos e Indonésia registraram reduções de dois dígitos na perda de florestas primárias, conforme a política de conservação doméstica, combinada com os esforços das comunidades e do setor privado, continuou a conter com eficácia os incêndios e a expansão agrícola.

Outra exceção foi o território indígena Charagua Iyambae, no sul da Bolívia, que conseguiu manter os incêndios recordes do país sob controle por meio de políticas de uso da terra e sistemas de alerta antecipado.

Rod Taylor, diretor global de florestas do WRI, disse que, quando os líderes chegarem à cidade amazônica de Belém para a próxima cúpula climática, ele gostaria de ver os países progredirem na introdução de melhores mecanismos de financiamento para a conservação.

“No momento”, afirmou ele, “ganha-se mais dinheiro desmatando florestas do que mantendo-as de pé”.

 

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