SÃO PAULO (Reuters) – Problemas com a rede elétrica subterrânea da distribuidora Enel São Paulo e o alto consumo de energia devido às elevadas temperaturas prolongaram as interrupções no fornecimento a consumidores da região central da capital paulista pelo quinto dia seguido, segundo informações divulgadas pela concessionária.
A situação levou o Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União a pedir, nesta sexta-feira, que a Corte de Contas apure possível ineficiência na prestação de serviço pela Enel São Paulo.
Os arredores de Santa Cecília e da Rua 25 de Março registraram apagão na segunda-feira quando, segundo a Enel São Paulo, houve contato acidental de uma escavação da Sabesp com sua rede subterrânea. Os serviços chegaram a ser recompostos para grande parte dos consumidores, mas novas falhas surgiram na sequência.
De acordo com a distribuidora, a última ocorrência de falta de energia registrada na véspera foi agravada pelo “excessivo consumo de energia” devido às elevadas temperaturas, “o que dificultou a recomposição das redes subterrâneas nessas regiões, deixando alguns grupos de clientes sem fornecimento”.
Nesta sexta-feira, a concessionária informou que 40% dos clientes da região da Santa Cecília estavam com o serviço normalizado até a noite da véspera, enquanto na região da Rua 25 de Março o fornecimento estava totalmente restabelecido. Já os moradores do Rua Paim voltaram a ter o reabastecimento da energia, conectados na rede ou por meio de geradores, disse a Enel.
No comunicado, a Enel ressaltou que os trabalhos de reparação da rede subterrânea são complexos e demorados, por envolver espaços confinados e exigir cuidado redobrado com as condições de segurança para que os técnicos possam atuar.
“A companhia também tem disponibilizado geradores de médio e grande porte para abastecer os clientes impactados, enquanto segue trabalhando nos reparos até a plena normalização do serviço”, disse a empresa.
No total, foram 25 geradores disponibilizados em diversos pontos da região central, segundo a Enel.
“A Enel lamenta os transtornos causados aos clientes que nos últimos dias foram impactados por ocorrências envolvendo a rede de distribuição subterrânea da companhia”, acrescentou.
No pedido de investigação da Enel feito pelo MP junto ao TCU, o subprocurador-geral Lucas Rocha Furtado solicita que, se encontradas irregularidades na atuação da concessionária, seja determinada a “extinção da concessão, sem prejuízo de aplicação de outras sanções cabíveis”.
“A meu ver, as corriqueiras interrupções do serviço de fornecimento de energia por parte da Enel se opõem ao que se espera de um ‘serviço adequado’ da concessionária”, afirmou o subprocurador, ao citar a lei que rege as concessões de serviços públicos.
Já na terça-feira desta semana o Ministério de Minas e Energia soltou nota cobrando a empresa italiana a comprovar de forma “urgente” sua capacidade de continuar atuando no país, onde atende mais de 15 milhões de consumidores nos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Ceará.
O último evento em São Paulo ocorre após fortes críticas à atuação da empresa desde um apagão de grandes proporções no Estado de São Paulo em novembro do ano passado, evento pelo qual a Enel foi multada em 165,8 milhões de reais. Na ocasião, um forte temporal, com ventos acima de 100 km/h, danificou pontos da rede elétrica e deixou milhões de consumidores sem luz por uma semana.
Na semana passada, um problema no fornecimento de energia levou à interrupção das operações no aeroporto de Congonhas, também na área de concessão da Enel São Paulo.
(Por Letícia Fucuchima)