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Economia global já sente impacto das tarifas de Trump

Vista urbana moderna de La Défense, com edifícios de escritórios e pessoas caminhando pela calçada, simbolizando a vitalidade do centro financeiro.

Por Mark John

(Reuters) – As tarifas do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, estão cada vez mais atravancando as rodas de uma economia mundial que, durante décadas, foi lubrificada por um comércio previsível e relativamente livre.

Na semana passada, grandes multinacionais cortaram as metas de vendas, alertaram sobre cortes de emprego e revisaram seus planos de negócios, enquanto as principais economias cortaram as perspectivas de crescimento em meio a dados desanimadores.

Embora os mercados financeiros estejam apostando que os EUA e a China recuarão de uma guerra comercial total e que Trump fechará acordos para evitar tarifas mais altas sobre outros países, a incerteza absoluta de onde isso vai parar se tornou um fator de entrave importante por si só.

“A política tarifária dos EUA é um sério choque negativo para o mundo no curto prazo”, disse Isabelle Mateos y Lago, economista-chefe no banco francês BNP Paribas.

“O fim do jogo das tarifas dos EUA pode estar mais distante e em um nível mais alto do que se pensava anteriormente”, disse ela sobre as tarifas básicas de 10% a diversos países, além de taxas mais altas a setores específicos como aço, alumínio e automóveis.

Pequim disse na sexta-feira que estava avaliando uma oferta de Washington para manter conversações sobre as tarifas de 145% dos EUA, às quais respondeu com taxas de 125%. O governo Trump também sugeriu que está próximo de fechar acordos com países como Índia, Coreia do Sul e Japão para evitar mais tarifas nas próximas semanas.

Nesse meio tempo, empresas como a fabricante sueca de eletrodomésticos Electrolux reduziram suas perspectivas, enquanto a Volvo Cars, a fabricante de gadgets Logitech e a gigante de bebidas Diageo abandonaram suas metas devido à incerteza.

A remoção, na semana passada, da isenção de taxas de pacotes de comércio eletrônico com valor inferior a US$800 para produtos da China é um golpe duro para muitas empresas menores.

“Estamos indo de zero a 145%, o que é realmente insustentável para as empresas e insustentável para os clientes”, disse Cindy Allen, presidente-executivo da Trade Force Multiplier, uma consultoria de comércio global. “Vi muitas empresas de pequeno e médio porte optarem por sair completamente do mercado.”

PERSPECTIVAS

A perspectiva tarifária levou o Banco do Japão a cortar suas previsões de crescimento na semana passada, enquanto as tensões comerciais foram citadas por analistas em rebaixamentos de perspectivas de crescimento para a Holanda e para a região do Oriente Médio e Norte da África (MENA).

Embora as medidas oficiais de atividade nas principais economias ainda estejam se ajustando, o humor negativo está aparecendo nas pesquisas de gerentes de compras da indústria em todo o mundo.

A atividade industrial da China contraiu no ritmo mais rápido em 16 meses em abril, segundo uma dessas pesquisas na semana passada, enquanto levantamento do Reino Unido mostrou que as exportações das fábricas britânicas encolheram no mês passado no ritmo mais acentuado em quase cinco anos.

Economistas foram rápidos em alertar que uma leitura aparentemente mais forte para a Alemanha pode ser em grande parte devido ao fato de que as fábricas estavam antecipando os negócios antes que as tarifas entrassem em vigor.

“Isso significa que pode haver um retrocesso nos próximos meses”, alertou Cyrus de la Rubia, economista-chefe do Hamburg Commercial Bank AG.

No entanto, embora a antecipação também possa ter ajudado o crescimento da indústria da Índia a atingir um pico de 10 meses em abril, analistas observaram que o país – que enfrenta tarifas mais baixas do que a China e para o qual a Apple transferiu parte da produção – pode acabar saindo como um vencedor.

“A Índia está bem posicionada para ser uma alternativa à China como fornecedora de produtos para os EUA no curto prazo”, disse o economista de mercados emergentes Shilan Shah, da Capital Economics, prevendo que as tarifas sobre a China “vieram para ficar”.

Por enquanto, a maioria dos economistas está chamando a estratégia tarifária de Trump de um “choque de demanda” para a economia mundial que, ao tornar as importações mais caras para as empresas e os consumidores norte-americanos, vai minar a atividade em outros lugares.

O lado positivo pode ser o fato de isso reduzir as pressões inflacionárias e, assim, dar aos bancos centrais de outros países maior margem de manobra para impulsionar a economia com cortes nas taxas de juros.

Mas o que ainda não está definido é se a tentativa de Trump de reequilibrar o sistema de comércio em favor dos EUA finalmente levará outros países a renovar suas próprias economias: por exemplo, se a China vai agir para aumentar o estímulo à sua economia doméstica ou se os países da zona do euro irão remover as barreiras que ainda restringem seu mercado único.

(Reportagem adicional de Ira Dugal)

 

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