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Dólar ronda estabilidade em meio a incertezas comerciais e econômicas

Imagem de uma nota de cinco dólares, destacando detalhes como a assinatura do secretário do Tesouro e o número de série, em fundo com listras vermelhas.

Por Fernando Cardoso

SÃO PAULO (Reuters) – O dólar à vista rondava a estabilidade frente ao real nesta segunda-feira, em linha com as cotações no exterior, à medida que os investidores aguardam mais notícias sobre os planos tarifários dos Estados Unidos e uma série de dados de inflação ao longo da semana.

Às 9h40, o dólar à vista subia 0,09%, a R$5,7942 na venda.

Na B3, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento tinha alta de 0,06%, a R$5,817 na venda.

Na sexta-feira, o dólar à vista fechou em alta de 0,51%, a R$5,7892, mas acumulou baixa semanal de 2,15%.

O primeiro pregão desta semana iniciava com os investidores em compasso de espera, sem realizar grandes apostas em qualquer direção, uma vez que persistem uma série de incertezas tanto no cenário econômico interno quanto externo.

Nesse último ponto, as atenções dos mercados globais estão voltadas para a política comercial do presidente dos EUA, Donald Trump, que tem ameaçado constantemente parceiros do país com a implementação de tarifas de importação, mas recuado também com certa frequência.

As mais recentes notícias sobre o assunto se referem às ameaças de Trump sobre Canadá e México, com o presidente dos EUA isentando por um mês das tarifas de 25% que ele havia imposto sobre os dois vizinhos os produtos que se enquadrem em um pacto comercial da América do Norte.

Em meio à incerteza comercial, com dúvidas sobre quais tarifas prometidas por Trump realmente entrarão em vigor, investidores têm tido dificuldades em definir para qual direção seguir nos mercados de câmbio.

O índice do dólar — que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas — subia 0,01%, a 103,680.

Agentes financeiros ainda demonstram cautela ao tentar projetar os próximos passos do Federal Reserve em seu ciclo de afrouxamento monetário, à medida que uma série de relatórios têm mostrado sinais de desaceleração da economia norte-americana.

Na sexta-feira, em discurso em uma conferência, o chair do Fed, Jerome Powell, disse que o banco central será cauteloso para ter certeza de que sabe o que está acontecendo no país, sem necessidade de apressar qualquer corte nos juros.

Operadores continuam apostando em três cortes na taxa de juros pelo Fed neste ano, com a retomada das reduções prevista para junho.

Já no cenário doméstico, a preocupação do mercado continua sendo a trajetória das contas públicas, com investidores receosos sobre quais medidas o governo pode adotar para reduzir a inflação dos alimentos e responder à queda recente de popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O governo anunciou na semana passada que vai zerar a alíquota de importação de vários produtos, incluindo carne, café, açúcar e milho, entre outros, como parte de uma série de medidas para reduzir os preços de alimentos.

Em relação a projeções, analistas consultados pelo Banco Central em sua pesquisa Focus voltaram a subir a expectativa de inflação para 2025, com a mediana do levantamento agora mostrando alta de 5,68%, ante ganho de 5,65% na semana anterior.

Na frente de dados, os mercados analisarão nesta semana dados de inflação ao consumidor tanto nos EUA como no Brasil, com a divulgação de ambos na quarta-feira.

“Após números de inflação ao consumidor (nos EUA) piores do que o esperado em janeiro, o relatório de fevereiro será altamente significativo para avaliar se o processo de desinflação estagnou ou se o pico de janeiro foi uma distorção sazonal”, disseram analistas do BTG Pactual em relatório.

Qualquer resultado que distoa das expectativas de economistas pode alterar significativamente as apostas de operadores sobre a trajetória dos juros no BC e no Fed, o que impacta diretamente nos mercados de câmbio.

(Edição de Camila Moreira e Pedro Fonseca)

 

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