Por Fernando Cardoso
SÃO PAULO (Reuters) – O dólar tinha leve baixa frente ao real nas primeiras negociações desta segunda-feira em linha com a fraqueza no exterior, com as moedas de mercados emergentes recebendo impulso contínuo do anúncio de estímulo econômico na China, maior importador de matérias-primas.
Às 9h47, o dólar à vista caía 0,12%, a 5,4272 reais na venda. Na B3, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento tinha queda de 0,24%, a 5,426 reais.
Nesta sessão, os mercados de câmbio ainda reagiam ao anúncio das autoridades chinesas na semana passada de um pacote amplo de medidas de estímulo para impulsionar sua economia, que tem sofrido com uma contínua crise imobiliária e uma demanda interna fraca.
A expectativa é de que o estímulo chinês — com taxas de juros mais baixas, financiamento para a compra de ações e gastos fiscais — ajudem na demanda por commodities importantes, com os preços do minério de ferro e do cobre subindo nesta manhã.
Assim, a maioria das moedas de países emergentes e exportadores de commodities, que se beneficiam de suas relações comerciais com a segunda maior economia do mundo, avançavam, com destaque para as altas do peso mexicano e do peso chileno.
O índice do dólar, que mede a moeda em relação a uma cesta de pares, caía 0,11%, para 100,32.
Ao longo da semana, as atenções se voltarão para os Estados Unidos, enquanto agentes financeiros continuam debatendo sobre o próximo movimento do Federal Reserve, que iniciou um ciclo de afrouxamento monetário neste mês com um corte de 50 pontos-base nos juros.
O foco principal da semana será o relatório de emprego fora do setor agrícola de sexta-feira, à medida que o banco central dos EUA busca evitar um esfriamento adicional do mercado de trabalho, com a inflação gradualmente retornando para a meta de 2%.
No momento, operadores colocam 58% de chance de um corte de 25 pontos na próxima reunião do Fed em novembro, com 42% de probabilidade de uma redução de 50 pontos. Eles veem 72 pontos de afrouxamento até o fim deste ano.
O chair do Fed, Jerome Powell, discursará para uma associação de economistas em Nashville, às 14h55.
“Entramos em uma semana com grande potencial de valorização do real… um relatório de emprego nos EUA mais fraco pode pressionar o dólar para baixo. Enquanto isso, o pano de fundo continua a promover ventos favoráveis com os estímulos econômicos da China e a expectativa de maiores aumentos de juros por aqui”, disse Eduardo Moutinho, analista de mercados do Ebury Bank.
No cenário doméstico, a expectativa de aumento do diferencial de juros entre Brasil e EUA nos próximos meses, com o Banco Central elevando a Selic e o Fed cortando sua taxa, permanecia como um fator positivo para o real, que tem se valorizado nas últimas semanas por conta desse elemento em particular.
Analistas consultados pelo BC subiram sua projeção para o nível da Selic ao fim de 2024, de acordo com a mais recente pesquisa Focus divulgada nesta segunda-feira.
O levantamento, que capta a percepção do mercado para indicadores econômicos, mostrou que a expectativa para a Selic no fim deste ano é de 11,75%, de 11,50% na semana anterior. Os analistas esperam altas de 50 pontos nas reuniões de novembro e dezembro do Copom.
Contra a moeda brasileira, ainda se mantinha a preocupação com o cenário fiscal do país, uma vez que o mercado segue receoso quanto à capacidade e vontade do governo em cumprir a meta de déficit primário zero para este ano.
Nesta sessão, ainda haverá a disputa pela formação da taxa Ptax de fim de mês. Taxa de câmbio calculada pelo BC com base nas cotações do mercado à vista, a Ptax serve de referência para a liquidação de contratos futuros.