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Dólar despenca na esteira do exterior após anúncio de novas tarifas por Trump

Uma pessoa contando notas de dólar, representando aspectos financeiros e de riqueza na economia. A imagem destaca a importância do dinheiro em transações.

Por Fernando Cardoso

SÃO PAULO (Reuters) – O dólar à vista despencava frente ao real nesta quinta-feira, acompanhando as perdas amplas da moeda norte-americana no exterior, à medida que os investidores reagiam ao anúncio na véspera de novas tarifas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que elevavam os temores de uma recessão global.

Às 9h33, o dólar à vista caía 1,29%, a R$5,6230 na venda.

Na B3, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento tinha baixa de 1,34%, a R$5,643 na venda.

Após vários sessões pautadas pela expectativa com o anúncio de Trump em 2 de abril, que ele vinha classificando como “Dia da Libertação”, os mercados demonstravam enorme aversão ao risco nesta quinta, já que as medidas apresentadas pelo presidente foram mais agressivas do que muitos esperavam.

Trump disse na quarta-feira que vai impor uma tarifa básica de 10% sobre todas as importações para os EUA e taxas mais altas sobre alguns dos maiores parceiros comerciais do país, em uma medida que intensifica a guerra comercial iniciada por ele em seu retorno à Casa Branca.

As importações chinesas serão afetadas por uma tarifa de 34%, além dos 20% impostos anteriormente, elevando o novo imposto total para 54%. A União Europeia, por sua vez, enfrentará uma tarifa de 20% e o Japão será alvo de uma taxa de 24%. O Brasil recebeu uma tarifa de 10%.

A tarifa universal de 10%, que exclui determinados produtos, entrará em vigor em 5 de abril, enquanto as taxas recíprocas mais altas para parceiros serão implementadas em 9 de abril. A China e a UE prometeram responder com medidas retaliatórias.

A grande preocupação dos analistas, como vem sendo apontado desde a vitória eleitoral de Trump, é de que as tarifas elevem os preços de diversas mercadorias e afetem a atividade econômica, provocando um cenário de “estagflação”.

Com o anúncio de Trump, investidores temiam pela concretização de tal cenário, o que impulsionava a busca por ativos seguros, como o ouro e os títulos do Tesouro dos EUA.

“Os anúncios de Trump atingiram o limite pessimista das expectativas do mercado, elevando a taxa média de tarifas para mais de 20% – de apenas 2,5% antes de Trump assumir o cargo – a mais alta desde o início do século XX”, escreveu Roman Ziruk, analista sênior de mercado do Ebury, em nota.

“Embora isso marque uma mudança histórica nos EUA, as tarifas elevadas são vistas como um teto – sujeitas a negociação, a menos que haja retaliação”, completou.

Operadores também elevaram as apostas de cortes na taxa de juros pelo Federal Reserve, precificando totalmente três reduções até o fim deste ano e uma pequena chance de um quarto corte, devido aos temores de recessão na maior economia do mundo.

Com os rendimentos dos Treasuries despencando, em meio a forte demanda pelos títulos e a novas apostas sobre o Fed, a divisa dos EUA recuava de forma acentuada ante seus pares.

O índice do dólar — que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas — caía 1,47%, a 101,640.

Para o Brasil e seus pares emergentes, o cenário significava ainda um diferencial de juros mais interessante para investidores estrangeiros, o que impulsionava o real, o peso mexicano e o peso chileno.

Na cena doméstica, investidores estão atentos à resposta do governo brasileiro às tarifas de Trump. Na quarta, o Executivo lamentou a tarifa adicional sobre os produtos do Brasil, acrescentando que avalia todas as possibilidades de resposta, incluindo um recurso à Organização Mundial de Comércio (OMC).

Enquanto isso, a Câmara dos Deputados aprovou, em resposta ao tarifaço de Trump, um projeto que estabelece critérios para a reação do Brasil a barreiras e imposições comerciais de nações ou blocos econômicos contra produtos nacionais.

Na frente de dados, os destaques são a pesquisa PMI sobre o setor de serviços brasileiro, a ser divulgada pela S&P Global às 10h, e a pesquisa PMI sobre o setor de serviços dos EUA, que será publicada pelo Instituto de Gestão de Fornecimento (ISM), às 11h.

 

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