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Demanda por crédito de remoção de carbono é impulsionada por empresas de tecnologia e alimenta crise de oferta

Homem segurando sementes de soja em uma plantação, promovendo a agricultura sustentável e o uso de sementes certificadas para aumento de produtividade.

Por Simon Jessop e Susanna Twidale e Virginia Furness

BELÉM, BRASIL (Reuters) – A crescente demanda por créditos de remoção de carbono de alta qualidade por parte de gigantes da tecnologia, para compensar as emissões impulsionadas pela inteligência artificial, está ajudando a alimentar uma escassez que, segundo especialistas, é necessária para estimular o investimento nesse mercado emergente.

Nos últimos dois anos, empresas como Microsoft e Google realizaram grandes aquisições. Isso fez com que os créditos ficassem quase quatro vezes mais caros em 2024 do que os créditos de menor preço vinculados a projetos de preservação florestal.

Desde 2019, as grandes empresas de tecnologia investiram coletivamente centenas de milhões de dólares, grande parte nos últimos dois anos, em soluções duradouras de remoção de carbono — ou seja, na captura e armazenamento de dióxido de carbono por um período prolongado –, segundo especialistas em crédito. No total, foram gastos US$10 bilhões no mercado à vista e em contratos de fornecimento de longo prazo, de acordo com a empresa de monitoramento de mercado CDR.fyi.

Cientistas afirmam que projetos de remoção de carbono são essenciais para que o mundo desacelere o aquecimento global, compensando as emissões de indústrias, como as do setor de geração de energia, que continuam a usar combustíveis fósseis.

Créditos vinculados a projetos como o biochar, em que a biomassa é convertida em uma substância semelhante ao carvão que retém carbono, ou a captura direta de ar, são vistos como uma forma de remoção de carbono mais segura e de longo prazo. Aqueles ligados à recuperação de terras degradadas também são altamente valorizados.

À medida que as empresas de tecnologia expandem seus centros de dados para alimentar a inteligência artificial, muitas vezes utilizando combustíveis fósseis, seus lucros e emissões de gases de efeito estufa estão aumentando, sustentando a demanda por créditos de carbono.

Muitas outras empresas também estavam aproveitando a IA para expandir seus negócios, usando parte dos retornos para comprar créditos, disse Brennan Spellacy, presidente-executivo da empresa de tecnologia climática Patch.

“As empresas que estão apresentando bom desempenho estão investindo pesado, e o motivo pelo qual essas empresas estão apresentando bom desempenho é a IA. Portanto, a IA está impulsionando o lucro e o lucro está impulsionando o investimento”, disse Spellacy à margem da COP30, a conferência sobre mudanças climáticas no Brasil.

As gigantes da tecnologia prometeram eliminar gradualmente suas emissões líquidas. Os Estados Unidos, no entanto, retiraram-se do Acordo de Paris sobre o clima, firmado em 2015, durante o governo do presidente Donald Trump.

“Enviamos fortes sinais de demanda por meio de contratos de longo prazo para desbloquear um ciclo virtuoso de inovação, financiamento e implementação”, disse um porta-voz da Microsoft à Reuters. “Ao ancorar projetos de grande escala, impulsionamos a nova oferta e, ao mesmo tempo, deixamos espaço para que outros compradores corporativos entrem no mercado“, acrescentou o porta-voz.

A Alphabet, empresa controladora do Google, recusou-se a comentar.

OFERTA E DEMANDA

A oferta de crédito não acompanhou a demanda.

Um terço dos pedidos de compra de créditos através da plataforma Patch foram para biochar, mas, devido à oferta restrita, este produto representou menos de 20% das vendas, segundo a Patch.

Os créditos de reflorestamento foram solicitados em 25% dos casos, mas vendidos em apenas 12% deles.

“O desejo por alta qualidade é muito real, e isso se reflete nos números. Em 2024, foram adquiridas 8 milhões de toneladas de remoção de carbono sustentável, e somente neste ano esse número já chega a 25 milhões”, afirmou Lukas May, diretor comercial da Isometric, empresa de registro de carbono.

“Isso certamente está sendo muito impulsionado pelas grandes empresas de tecnologia.”

Até o momento, foram emitidas menos de 1 milhão de toneladas de créditos de remoção de carbono duráveis, segundo dados da CDR.fyi, provenientes principalmente de projetos de biochar.

Diante da escassez de oferta, mais empresas estão buscando firmar contratos de fornecimento, o que deve ajudar a expandir a oferta, dando certeza de vendas aos incorporadores, acrescentou May.

“No fim das contas, o aumento da demanda vai gerar uma elevação da oferta.”

BIOCHAR NO REINO UNIDO

Para alguns, a solução para a crise de oferta é gerar seus próprios créditos.

O Pure Data Centres Group, que tem grandes empresas de tecnologia entre seus clientes, planeja investir 24 milhões de libras (US$31,6 milhões) na construção do maior projeto de biochar do Reino Unido em Wiltshire, para garantir o abastecimento.

“Quando começamos a avaliar os fornecedores, percebemos rapidamente que era muito difícil encontrar um produto confiável e de alta qualidade. Decidimos que a melhor maneira de garantir a qualidade era desenvolver nossa própria expertise e produção”, disse a presidente-executiva Dawn Childs.

Alastair Collier, diretor de P&D da subsidiária A Healthier Earth, que administrará o projeto, afirmou que ele começará a operar em dezembro, aumentando sua capacidade ao longo de 18 meses para remover 9.000 toneladas de carbono por ano, com três locais adicionais planejados no Reino Unido.

“Minha tese de investimento fundamental nos últimos três anos tem sido… que a demanda irá, e já está, superando significativamente a oferta.”

(Reportagem de Simon Jessop, Susanna Twidale e Virginia Furness; reportagem adicional de Kenrick Cai)

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