Por Victor Borges
BRASÍLIA (Reuters) -O Brasil abriu 148.992 vagas formais de trabalho em maio, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgados nesta segunda-feira pelo Ministério do Trabalho e Emprego.
O resultado do mês passado — fruto de 2.256.225 admissões e 2.107.233 desligamentos — ficou abaixo da expectativa de economistas apontada em pesquisa da Reuters, de criação líquida de 179.000 vagas.
O resultado representa uma alta em relação ao mesmo mês em 2024, quando foram criados 139.557 postos de trabalho, mas não alcançou os números de 2023, em que o saldo positivo foi em 156.193.
Já no acumulado do ano, o saldo positivo é de 1.051.244 vagas, abaixo do mesmo período em 2024, que registrou saldo positivo de 1.105.385 postos de trabalho.
Os cinco grupamentos de atividades econômicas registraram saldos positivos de vagas em maio, segundo dados preliminares e ainda sujeitos a ajustes. O setor de serviços liderou a abertura de vagas, com 70.139 postos, seguido pelo comércio, com 23.258. Em último lugar, depois de indústria e agropecuária, ficou o setor de construção com abertura de 16.678 vagas.
Acre foi o Estado com a maior criação percentual de vagas, com alta de 1,24% em relação ao mês anterior, enquanto o Rio Grande do Sul registrou o pior desempenho, ficando estável frente ao mesmo período.
Na ata da última reunião do Comitê de Política Monetária, divulgada na semana passada, o Banco Central citou a força do mercado de trabalho como um dos fatores que têm contribuído para o dinamismo da atividade econômica ao longo dos últimos anos, mas destacou que o arrefecimento do emprego deve ficar mais evidente nos próximos trimestres, como resultado dos efeitos da alta nos juros sobre a atividade.
“O conjunto dos indicadores de atividade econômica e do mercado de trabalho ainda tem apresentado algum dinamismo, mas observa-se certa moderação no crescimento”, apontou o BC.
André Valério, economista sênior do Inter, afirma que apesar de abaixo do esperado, o resultado deste mês ainda aponta para um mercado de trabalho robusto, mas destaca sinais de perda de força na margem, com o ritmo de geração de emprego no ano desacelerando.
“De toda forma, não se espera uma desaceleração abrupta, mas sim uma tendência gradual de perda de dinamismo, à medida que os juros elevados comecem a ser sentidos na economia. Ao longo do segundo semestre, esperamos ver sinais mais claros de desaceleração do emprego”, acrescentou.
(Por Victor Borges; edição de Fabrício de Castro e Isabel Versiani)