A liberdade de imprensa é um princípio fundamental que sustenta o direito à livre expressão e é essencial para o funcionamento de uma democracia saudável. Consagrado em diversos documentos internacionais e constituições nacionais, ela garante que os meios de comunicação possam atuar livremente, sem censura ou interferência indevida do governo ou de outros grupos de poder.
Ademais, permite que a imprensa informe, comente e critique livremente sobre assuntos de interesse público, servindo como um contrapeso ao poder, sendo essencial para uma sociedade democrática, pois possibilita que os cidadãos tenham acesso a informações diversas e formem suas opiniões de forma independente.
Porém, não é um direito absoluto e ilimitado. Existem restrições legais, como a proibição de calúnia, difamação ou incitação à violência. Mesmo assim, deve ser garantida pelo Estado, que não pode censurar ou coibir indevidamente o trabalho dos jornalistas e veículos de comunicação.
O Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, celebrado no dia 03 de maio, serve para lembrar a importância desse Direito Civil fundamental em uma sociedade democrática, homenageando os jornalistas e profissionais da mídia que exercem diariamente essa atividade essencial.
Essa data foi escolhida pela ONU como uma forma de homenagem aos profissionais da área que perderam suas vidas no exercício da profissão, em referência à Declaração de Windhoek, produzida na Namíbia, após um trágico episódio ocorrido no país em que um grupo de informantes, que trabalhava com a ONU para monitorar as eleições que ocorreriam lá, foi atacado por uma milícia separatista, resultando na morte de 22 pessoas. Esse evento chocou a comunidade internacional e evidenciou os riscos enfrentados por jornalistas e profissionais da mídia em zonas de conflito.
A data serve também para conscientizar sobre a importância de proteger jornalistas e criar condições para que possam exercer seu trabalho com segurança e sem censura ou repressão.
O Dia Mundial da Liberdade de Imprensa no Brasil
No Brasil, essa data é comemorada em 07 de junho, por ter sido esse o dia em que um manifesto contra a censura da ditadura militar foi divulgado e assinado em 1977, representado na história como um grande marco na defesa dos princípios do jornalismo livre e da liberdade de expressão, pilares fundamentais para sociedades democráticas.
Alguns avanços importantes na liberdade de imprensa ao longo da história são:
- Abolição da censura prévia – proibição da necessidade de aprovação governamental antes da publicação de um informe, um grande avanço conquistado em muitos países a partir do século XVIII. No Brasil, essa abolição ocorreu em 1821, através de um aviso editado por Dom Pedro I.
- Leis garantindo liberdade de imprensa – A Primeira Emenda da Constituição dos EUA (1791) e leis semelhantes em outras nações passaram a proteger explicitamente o direito à liberdade de expressão e de imprensa.
- Fim do monopólio estatal sobre os meios de comunicação – A quebra dos monopólios estatais e a abertura para a imprensa privada ampliou o pluralismo e a diversidade de vozes.
- Organizações de defesa – Grupos como a “Repórteres Sem Fronteiras” passaram a monitorar e pressionar por mais liberdades para jornalistas ao redor do mundo.
- Legislações contra monopólios e concentração – Leis antitruste e regras limitando a concentração excessiva da mídia em poucas mãos ajudaram a preservar o pluralismo.
Garantias Constitucionais no Brasil
No Brasil, a liberdade de imprensa é garantida pela Constituição Federal de 1988:
- Artigo 5º, inciso IV – É livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato.
- Artigo 5º, inciso IX – É livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença.
- Artigo 220 – A manifestação do pensamento, a criação, a expressão e a informação, sob qualquer forma, processo ou veículo não sofrerão qualquer restrição, observado o disposto nesta Constituição.
Esses dispositivos constitucionais asseguram que os profissionais de imprensa e os meios de comunicação possam exercer livremente suas atividades, sem censura prévia, desde que respeitados os limites impostos pela própria Constituição, como a vedação ao anonimato e a inviolabilidade da intimidade, vida privada, honra e imagem das pessoas, bem como atos difamatórios e violentos.
É importante ressaltar que a liberdade de imprensa não é absoluta e deve ser exercida com responsabilidade, respeitando os direitos fundamentais individuais e coletivos. Abusos e excessos podem ser objeto de responsabilização civil e criminal.
Apesar dos avanços, a liberdade de imprensa ainda enfrenta ameaças e retrocessos em muitas partes do mundo. A luta por um jornalismo verdadeiramente livre, independente e protegido continua sendo um desafio constante.