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Trump impõe tarifa de 50% ao Brasil e vincula com tratamento dado a Bolsonaro

Imagem de Donald Trump e um diplomata brasileiro conversando na entrada de um edifício com bandeiras dos Estados Unidos e do Brasil ao fundo. O cenário é elegante e oficial, refletindo uma reunião diplomática importante.

Por Ricardo Brito e Kanishka Singh

BRASÍLIA/WASHINGTON (Reuters) – O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta quarta-feira que os Estados Unidos irão impor uma tarifa de 50% sobre todas as exportações do Brasil para o país, e vinculou a decisão ao tratamento recebido pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, que está sendo julgado sob a acusação de planejar um golpe de Estado.

As tarifas foram anunciadas após uma troca de farpas nesta semana entre Trump e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que disse que o mundo não precisa de um “imperador”, em referência ao presidente dos EUA.

Em uma carta endereçada a Lula, Trump disse que “a maneira como o Brasil tem tratado o ex-presidente Bolsonaro, um líder altamente respeitado em todo o mundo durante seu mandato, inclusive pelos Estados Unidos, é uma vergonha internacional”.

Após o anúncio de Trump, o dólar futuro saltou mais de 2% ante o real.

O governo brasileiro não respondeu de imediato a um pedido de comentário sobre a tarifa de 50%. O Ministério da Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) informou que vai haver uma reunião no Palácio do Planalto nesta noite para discutir o assunto.

Os Estados Unidos são o segundo maior parceiro comercial do Brasil, depois da China, e as tarifas representam um grande aumento em relação aos 10% que haviam sido anunciados em abril.

A carta de Trump diz que a tarifa de 50% começará em 1º de agosto e será separada de todas as tarifas setoriais. A carta acrescentou que Trump instruiu o representante de Comércio dos EUA, James Greer, a iniciar uma investigação sobre o que ele chamou de práticas comerciais injustas do Brasil, particularmente sobre o comércio digital das empresas norte-americanas.

Na segunda-feira, o presidente Lula rebateu Trump depois que o líder norte-americano ameaçou impor uma tarifa adicional de 10% sobre o grupo Brics de nações em desenvolvimento, que ele chamou de “antiamericano”.

“O mundo mudou. Não queremos um imperador”, disse Lula a repórteres quando perguntado sobre uma possível tarifa contra o Brics. “Somos nações soberanas”, acrescentou Lula. “Se ele acha que pode impor tarifas, outros países têm o direito de impor tarifas também.”

 

“CAÇA ÀS BRUXAS”

As tensões entre os Estados Unidos e o Brasil já haviam se intensificado mais cedo nesta quarta-feira, depois que o Ministério das Relações Exteriores do Brasil convocou o encarregado de negócios da embaixada dos EUA em Brasília para prestar esclarecimentos por causa de uma nota defendendo Bolsonaro.

“Jair Bolsonaro e sua família têm sido fortes parceiros dos Estados Unidos. A perseguição política contra ele, sua família e seus apoiadores é vergonhosa e desrespeita as tradições democráticas do Brasil. Reforçamos a declaração do presidente Trump. Estamos acompanhando de perto a situação”, disse a embaixada.

Bolsonaro é réu em um processo no Supremo Tribunal Federal (STF) acusado de tramar um golpe de Estado após perder a eleição presidencial para o atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O ex-presidente também está inelegível até 2030 por decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em casos separados ao que ele é réu no Supremo.

A embaixada dos EUA em Brasília confirmou que seu encarregado de negócios, Gabriel Escobar, teve uma reunião com autoridades do Itamaraty, embora tenha se recusado a compartilhar detalhes sobre a conversa. O Itamaraty não respondeu a um pedido de comentário.

Também nesta quarta, falando a repórteres em um evento com líderes da África Ocidental na Casa Branca, Trump disse que o Brasil “não tem sido bom para nós, nada bom”, acrescentando que as tarifas seriam baseadas em “fatos muito, muito substanciais” e no histórico passado.

O apoio de Trump a Bolsonaro ecoou seu apoio a outros líderes globais de direita que enfrentaram processos judiciais internos, como a líder da extrema-direita francesa Marine Le Pen e o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu. Trump chamou os processos contra esses líderes de “caça às bruxas”, um termo que ele costumava usar para os processos que ele mesmo enfrentou nos EUA após o fim de seu primeiro mandato.

Trump disse em uma publicação em rede social na segunda-feira que Bolsonaro foi vítima de uma “caça às bruxas”.

 

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