LIMA (Reuters) – A procuradora-geral do Peru, Patricia Benavides, protocolou nesta segunda-feira uma queixa constitucional contra a presidente do país, Dina Boluarte, devido à morte de manifestantes durante os meses de agitação nas ruas, no ano passado. Trata-se da primeira acusação, no Congresso, da procuradoria-geral contra a presidente, após quase um ano de investigações.
Benavides também demitiu nesta segunda-feira um membro de sua equipe anticorrupção que estava investigando ela própria. Em discurso na TV, a procuradora-geral disse rejeitar as investigações contra ela, que tentam “desestabilizar a independência dos poderes”. Seu gabinete havia anunciado em janeiro o lançamento de uma investigação contra Boluarte e membros de seu ministério por acusações de “genocídio, homicídio qualificado e graves lesões”.
Pelo menos 40 pessoas morreram durante violentos confrontos entre dezembro de 2022 e o começo deste ano. Centenas ficaram feridas.
Boluarte chamou de “manobra política” a denúncia contra ela perante o Congresso, apresentada por Benavides.
“Expressamos nossa condenação a uma manobra política tão desprezível que, usando indevidamente a memória de patriotas falecidos, tenta desviar a atenção de uma denúncia muito grave contra o próprio promotor do país”, disse Boluarte em um discurso televisionado junto com todo seu gabinete de ministros. Se o Congresso aceitar a acusação, a ação da procuradora-geral pode resultar no impeachment de Boluarte. “A morte de qualquer soldado peruano não deveria ser permitida, assim como o abuso de poder. Não deve ser permitido tentar prejudicar a imagem de procuradores honestos”, afirmou Benavides em seu discurso. (Reportagem de Marco Aquino; texto de Isabel Woodford)