Por Libby George
LONDRES (Reuters) – A maioria das grandes economias emergentes, incluindo China, Brasil e Índia, pode resistir às tarifas dos Estados Unidos sem sofrer muito, de acordo com um estudo realizado pela consultoria de risco Verisk Maplecroft, levantando dúvidas sobre a influência das ferramentas comerciais do presidente Donald Trump.
A empresa analisou a resiliência de 20 dos maiores mercados emergentes usando medidas que vão desde os níveis de endividamento até a dependência da receita de exportação para avaliar sua capacidade de lidar com a volatilidade do comércio e com as rápidas mudanças nas alianças geopolíticas.
“A maioria dos centros de manufatura em todo o mundo está em uma posição melhor do que se imagina, ou do que se dá crédito a eles, para resistir a essa tempestade tarifária que vem especificamente dos EUA, mesmo que esteja em plena capacidade”, disse Reema Bhattacharya, chefe de pesquisa da Ásia e coautora do relatório.
México e Vietnã estão entre os países mais expostos à dependência comercial dos EUA, segundo o documento, mas as políticas econômicas progressistas, a melhoria da infraestrutura e a estabilidade política fizeram com que esses países estivessem entre as economias mais resilientes.
Brasil e África do Sul, de acordo com o relatório, estão efetivamente criando vínculos com outros parceiros comerciais que poderão protegê-los nos próximos anos.
“Quase todos os mercados emergentes ou globais entendem que precisamos fazer negócios com os EUA e a China, mas não podemos depender excessivamente de nenhum deles. Portanto, precisamos de um terceiro mercado”, disse Bhattacharya, acrescentando que o comércio entre os membros do grupo Brics de nações em desenvolvimento está aumentando.
O documento da Maplecroft não examinou a Rússia, integrante do Brics.
A China, embora particularmente exposta às tensões geopolíticas com os Estados Unidos, “está tão consolidada que é quase impossível reproduzi-la em outro lugar”, acrescentou ela, citando a base de exportação diversificada de Pequim e seu capital humano.
A China, um gigante da manufatura, está na mira dos esforços de Trump para reformular a política comercial global. Dados divulgados no início desta semana mostraram que, em outubro, as exportações da China sofreram sua pior queda desde fevereiro, logo após o retorno de Trump à Casa Branca.
Bhattacharya também apontou o esforço de anos da China para expandir o uso do renminbi em acordos comerciais como “um impulso pragmático para a resiliência econômica e a diversificação do risco geopolítico”.
Brasil, Argentina e Chile assinaram acordos de liquidação em moeda local com o banco central da China, enquanto empresas estatais e investidores chineses estão financiando projetos de lítio e cobre no Chile, Bolívia e Peru.




