Por Emma Farge e Olivia Le Poidevin
GENEBRA (Reuters) – Delegados que discutem o primeiro tratado vinculante do mundo para combater a poluição por plástico não conseguiram chegar a um consenso após dez dias de negociação, disseram diplomatas na sexta-feira em Genebra.
Países que defendem um tratado ambicioso disseram que o último texto divulgado durante a noite de quinta-feira não atendeu às suas expectativas.
O chefe das negociações, Luis Vayas Valdivieso, do Equador, encerrou a sessão com a promessa de retomar as negociações em uma data posterior indeterminada, atraindo aplausos fracos dos delegados exaustos que trabalharam até altas horas da madrugada.
A ministra francesa da Transição Ecológica, Agnes Pannier-Runacher, disse na sessão de encerramento da reunião que estava “furiosa porque, apesar dos esforços genuínos de muitos e do progresso real nas discussões, nenhum resultado tangível foi obtido”.
Em uma aparente referência às nações produtoras de petróleo, o delegado da Colômbia, Haendel Rodriguez, disse que um acordo havia sido “bloqueado por um pequeno número de Estados que simplesmente não queriam um acordo”
Diplomatas e defensores do clima haviam alertado no início deste mês que os esforços da União Europeia e dos pequenos estados insulares para limitar a produção de plástico virgem –alimentada por petróleo, carvão e gás– enfrentavam a oposição dos países produtores de petroquímicos e dos EUA sob o comando do presidente Donald Trump.
O delegado dos EUA, John Thompson, do Departamento de Estado, não quis fazer comentários ao sair das negociações.
O caminho a seguir nas negociações é incerto. Autoridades da ONU e alguns países, incluindo o Reino Unido, disseram que as negociações devem ser retomadas, mas outros descreveram um processo falho.
“Está muito claro que o processo atual não funcionará”, disse o delegado da África do Sul.
“É claro que não podemos esconder que é trágico e profundamente decepcionante ver alguns países tentando bloquear um acordo”, disse o ministro dinamarquês do meio ambiente, Magnus Heunicke, que negociou em nome da UE.
Inger Andersen, diretora executiva do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, também se comprometeu a continuar trabalhando. “Não chegamos onde queríamos, mas as pessoas querem um acordo”, disse ela.
As questões mais polêmicas incluem a limitação da produção, o gerenciamento de produtos plásticos e químicos de interesse e o financiamento para ajudar os países em desenvolvimento a implementar o tratado.
Os defensores da luta contra o plástico elogiaram a rejeição dos Estados a um acordo fraco.
“Nenhum tratado é melhor do que um tratado ruim”, disse Ana Rocha, diretora de Política Global de Plásticos do grupo ambiental GAIA.