BUENOS AIRES (Reuters) – Mafalda, a garota argentina de classe média preocupada com o mundo, saltará do papel para a tela em uma nova série documental para a televisão que buscará revisitar a famosa história em quadrinhos de um ponto de vista feminista.
“Voltando a Ler Mafalda”, a série sobre a tira criada por Joaquín Salvador Lavado, conhecido como “Quino”, que deixou de ser um símbolo da cultura argentina para se tornar um ícone reconhecido mundialmente, chegará ao Disney+ em 27 de setembro.
“Quino construiu uma história com personagens muito humanos através dos olhos de crianças, que dizem coisas terríveis sem nenhuma anestesia. Ele constrói significados, denúncias e declarações de princípios por meio do humor”, disse Lorena Muñoz, que dirigiu a série, à Reuters em uma entrevista recente.
A série documental de quatro episódios de 30 minutos oferece uma revisão do quadrinho por meio de uma perspectiva feminista e uma reconstrução do contexto histórico em que foi escrito, destacando sua crítica à ditadura militar de Juan Carlos Onganía na década de 1960.
Atualmente, os livros da Mafalda são publicados em 28 idiomas e distribuídos em vários países do mundo.
“Voltando a Ler Mafalda” recompõe os primeiros esboços, aparições e inspirações do desenho animado, além de apresentar uma análise detalhada de Susanita, Felipe, Libertad e Manolito, alguns de seus cativantes personagens e seus papéis.
Cartunistas como Liniers, Maitena e Tute aparecem na série relendo algumas das tiras mais conhecidas, além de outras personalidades que adoram Mafalda, como o ex-jogador de basquete argentino Manu Ginóbili, a atriz mexicana Consuelo Duval e o ator e cineasta espanhol Santiago Segura.
“Moro a duas quadras de onde Quino morava quando criou Mafalda como personagem. Ela está comigo desde que eu era muito jovem, assim como está com meus pais e meus filhos”, confessou Muñoz, que espera que o fenômeno continue a transcender não apenas as fronteiras geográficas, mas também as geracionais.
“Essa é uma nova leitura. É uma maneira de o trabalho continuar a se espalhar e continuar a ser lido”, concluiu.
(Por Candelaria Grimberg)