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Brasil busca acelerar investimento estrangeiro verde com nova plataforma de projetos estratégicos

Brasil busca acelerar investimento estrangeiro verde com nova plataforma de projetos estratégicos

Governo brasileiro busca acelerar investimento estrangeiro verde com nova plataforma de projetos estratégicos

Por Bernardo Caram e Marcela Ayres

BRASÍLIA/WASHINGTON (Reuters) – O governo brasileiro espera alavancar investimentos estrangeiros em projetos verdes a partir do lançamento na quarta-feira em Washington de uma plataforma inédita, mirando a princípio angariar 8 bilhões de dólares, mas prevendo que esse montante poderá triplicar em um ano.

Segundo quatro fontes com conhecimento do assunto, a plataforma, que será revelada às margens das reuniões do Fundo Monetário Internacional e do Banco Mundial, vai conectar as ambições do país na presidência do G20 este ano com a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP), que o Brasil sediará no ano que vem.

No novo sistema, sob coordenação do BNDES, o país vai selecionar iniciativas já estruturadas em áreas estratégicas de transformação ecológica e atuará ativamente na busca por investidores internacionais e mecanismos de financiamento, intermediando o contato entre projetos, financiadores, bancos de desenvolvimento, fundos climáticos, doadores de recursos e empresas privadas.

No lançamento, serão exibidos aos investidores seis projetos-piloto selecionados pelo BNDES para produção de combustível sustentável de aviação, hidrogênio verde, fertilizantes sustentáveis e minerais estratégicos, além de duas ações de restauro florestal.

Com a iniciativa, o governo brasileiro espera dar fôlego ao investimento direto no país, que recuou em 2023 e passa por um processo de retomada, com ingresso de 51,2 bilhões de dólares de janeiro a agosto, uma elevação de 14,3% na comparação com o mesmo período do ano passado.

ESTRUTURA EM EVOLUÇÃO

Inicialmente, a plataforma buscará acelerar iniciativas nas áreas de energia, indústria e mobilidade e soluções baseadas em natureza e bioeconomia, mas a definição de setores será flexível e se moldará às necessidades do país, com foco em setores estratégicos e ainda não maduros, disseram as fontes.

“Uma vez dentro da plataforma, esses projetos ganham uma chancela, um selo de qualidade e priorização que a gente entende que vai ajudar tanto na mobilização de capital internacional privado, que é o principal, mas também dos bancos multilaterais, e no uso mais estratégico dos recursos concessionais que saem dos fundos verdes, fazendo com que de fato a gente consiga alavancar muito mais capital”, disse uma das fontes.

“E é nisso que a gente espera trabalhar entre o nosso G20 e a COP 30 em Belém.”

De acordo com uma segunda fonte, “é super factível” imaginar que a plataforma chegue à COP sediada pelo Brasil, em novembro do ano que vem, com uma carteira de projetos no valor de pelo menos 20 bilhões de dólares, recursos que deverão ser levantados tanto em dívida quanto em equity, num momento de crescente atenção para a agenda da transição climática.

“A gente vive num mundo de muitas crises, climáticas, geopolíticas. Mas o Brasil, nesse cenário, tem vantagens comparativas no setor energético, no setor de biomassa e minerais críticos… Está claro que é um destino de investimento”, afirmou essa autoridade.

VITRINE

Batizada de Plataforma Brasil de Investimento Climático e para a Transformação Ecológica, a iniciativa terá um site que disponibilizará as informações dos projetos, que serão selecionados com base em políticas públicas verdes já estabelecidas pelo país, como o Plano de Transformação Ecológica e a Nova Indústria Brasil, que tem metas para estimular inovação e sustentabilidade.

A plataforma também poderá orientar e direcionar investidores ao Eco Invest, programa lançado neste ano pelo governo para mobilizar capital privado por meio de linhas de financiamento e sistemas de proteção contra volatilidade cambial para projetos verdes.

A nova iniciativa, segundo as fontes, irá além da sistematização de informações, uma vez que o BNDES será um ator ativo no processo, tocando um secretariado que buscará proativamente viabilizar o financiamento dos projetos que entrarem na plataforma.

Visto como o “coração” do plano, o secretariado será financiado a princípio com 1 milhão de dólares do total de 4 milhões de dólares que os países emergentes têm, cada, à sua disposição junto ao Fundo Verde para o Clima, da ONU, numa linha específica para planejamento de arcabouços. O Brasil acredita que o modelo poderá ser replicado por seus pares, disse uma das fontes.

Para o lançamento da sua plataforma, o Brasil buscou implementar sugestões que surgiram a partir de debates do G20. O grupo deverá recomendar, num roadmap para reforma de bancos multilaterais esta semana, que os países também construam suas plataformas, funcionando como vitrines para um financiamento catalítico, disseram três das fontes.

Uma das fontes ressaltou que, para as plataformas darem certo, é importante que sejam adotados critérios como a definição de prioridades pelos próprios países beneficiados, e não pelos doadores e financiadores. O Brasil também defende uma flexibilidade para incorporação de novos setores, com a plataforma se firmando como um espaço para os principais atores que financiam projetos naquele país se conectarem.

 

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