Por Mohammad Yunus Yawar e Syed Hassib
HERAT, Afeganistão (Reuters) – Equipes de resgate afegãs se esforçavam nesta segunda-feira para retirar sobreviventes e corpos que ainda estavam sob os escombros de construções desmoronadas dois dias depois que o terremoto mais mortal dos últimos anos atingiu a cidade de Herat, no noroeste do país, e vilarejos vizinhos.
A administração do Taliban disse que há pelo menos 2.400 mortos e muitas outras pessoas feridas devido ao terremoto, que está entre os mais letais do mundo este ano depois dos tremores na Turquia e na Síria, nos quais cerca de 50 mil pessoas morreram.
Segundo as autoridades, tremores secundários periódicos continuaram a abalar as áreas afetadas nesta segunda-feira, forçando as pessoas já assustadas a saírem de suas casas.
Os vizinhos Paquistão e Irã se ofereceram para enviar equipes de resgate e ajuda humanitária, enquanto a Sociedade da Cruz Vermelha da China ofereceu ajuda em dinheiro. Uma equipe técnica iraniana chegou à área, disse o mulá Janan Sayeeq, porta-voz do Ministério de Gestão de Desastres, durante uma coletiva de imprensa.
O porta-voz do governador de Herat, Nissar Ahmad Elyias, disse à Reuters que mais de uma dúzia de vilarejos ao redor de Herat foram atingidos.
Muitos prédios da cidade de Herat foram relativamente poupados, mas os minaretes medievais de suas famosas mesquitas sofreram danos, como mostram fotografias nas redes sociais.
“SOB OS ESCOMBROS”
“Muitos membros de nossa família foram martirizados, inclusive um de meus filhos, e meu outro filho também está ferido”, disse Mir Ahmed, morador de Herat, à Reuters, em um hospital que estava tratando sobreviventes.
“A maioria das pessoas está sob os escombros”
Em uma declaração no final do domingo, o Escritório Humanitário da ONU calculou o número de mortos nos terremotos em 1.023, com mais 1.663 pessoas feridas e mais de 500 desaparecidas. Ele disse que todas as casas do distrito de Zindajan, em Herat, foram destruídas.
O sistema de saúde do Afeganistão, que depende quase que totalmente da ajuda externa, enfrentou cortes incapacitantes nos dois anos desde que o Taliban assumiu o controle e grande parte da assistência internacional, que constituía a espinha dorsal da economia, foi interrompida.
Sayeeq, porta-voz do departamento de gerenciamento de desastres, disse que, além dos mortos e feridos, milhares de pessoas foram afetadas, com 20 vilarejos — compostos por mais de 1.900 casas de cerca de 10 mil pessoas — destruídos.
Muitos sobreviventes permaneceram sob o céu aberto enquanto a ajuda médica e alimentar chegava a eles.
O chefe de resposta emergencial da Organização Mundial da Saúde (OMS), Alaa AbouZeid, disse à Reuters em uma entrevista que havia uma enorme necessidade de abrigo com a queda das temperaturas.
“Temos casos que recebem tratamento e devem voltar para casa, mas, infelizmente, eles não têm (uma casa para onde voltar)”, disse ele, acrescentando que as pessoas estavam até com medo de entrar em casas parcialmente danificadas.
A maioria das vítimas eram mulheres e crianças, disse AbouZeid, já que no momento do terremoto, às 11 horas da manhã, a maioria dos homens estava fora de casa.
(Reportagem adicional de Emma Farge)