Por Alexandra Valencia
QUITO (Reuters) – O presidente do Equador declarou guerra às gangues de drogas que mantêm reféns vários agentes penitenciários em uma onda de violência que resultou na invasão de uma rede de TV ao vivo e em explosões em todo o país.
A agitação parece ser uma resposta aos esforços do presidente Daniel Noboa para combater o tráfico de cocaína, em especial colocando os líderes das gangues em novas prisões de alta segurança.
“Estamos em guerra e não podemos ceder diante desses grupos terroristas”, disse Noboa, filho de 36 anos de um empresário do setor bananeiro que conquistou a Presidência em novembro.
Seu governo declarou estado de emergência, enviou militares atrás de 22 gangues apontadas como organizações terroristas e disse que cerca de 20.000 criminosos estão envolvidos.
Desde segunda-feira, as gangues sequestraram mais de 130 agentes penitenciários e funcionários. Isso ocorreu após a aparente fuga do famoso líder da gangue “Los Choneros”, Adolfo Macias, da prisão.
Com explosões ocorrendo em várias cidades, homens armados vestidos com balaclava, granadas e dinamite tomaram brevemente a emissora TC na cidade portuária de Guayaquil, no Oceano Pacífico, na terça-feira, durante um programa de notícias, antes que a polícia os prendesse e libertasse a equipe de mídia.
“Foi surreal”, disse o jornalista José Luis Calderón, de 47 anos, que em determinado momento foi obrigado a aparecer diante das câmeras sob a mira de uma arma no estúdio de TV.
O comandante das Forças Armadas, contra-almirante Jaime Vela, disse em uma coletiva de imprensa na noite de quarta-feira que 329 pessoas, a maioria de gangues como Los Choneros, Los Lobos e Los Tiguerones, foram detidas desde o início do estado de emergência nesta semana.
Em resposta a vídeos que supostamente mostravam funcionários da prisão sendo submetidos a violência extrema, incluindo tiros e enforcamento, ele disse que nenhum refém havia sido morto.
A Reuters não pôde verificar imediatamente os vídeos.
A agência de prisões SNAI afirmou que 125 guardas e 14 funcionários administrativos permanecem reféns, sendo que 11 pessoas foram libertadas na terça-feira.