Por Fernando Cardoso
SÃO PAULO (Reuters) – O dólar à vista rondava a estabilidade ante o real nas primeiras negociações desta quarta-feira, à medida que os investidores reagiam a uma possível diminuição das tensões comerciais entre Estados Unidos e China, enquanto aguardam as decisões do Federal Reserve e do Banco Central do Brasil.
Às 9h32, o dólar à vista subia 0,02%, a R$5,7127 na venda.
Na B3, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento tinha baixa de 0,15%, a R$5,741 na venda.
Os movimentos do real nesta sessão ocorriam em meio a um maior apetite por ativos mais arriscados no exterior, uma vez que os investidores recebiam positivamente a notícia de que autoridades norte-americanas e chinesas podem iniciar discussões comerciais neste fim de semana.
Segundo relatos de Washington e Pequim na véspera, o secretário do Tesouro, Scott Bessent, e o representante comercial dos EUA, Jamieson Greer, se reunirão com o czar econômico da China, He Lifeng, na Suíça, no sábado, quando podem dar o primeiro passo para reduzir as tensões comerciais.
A guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo tem abalado os mercados financeiros desde o início de abril, quando o presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou tarifas abrangentes sobre parceiros. Uma troca contínua de retaliações entre Washington e Pequim se seguiu por semanas.
“Minha impressão é que isso será uma questão de redução das tensões”, disse Bessent à Fox News após o anúncio. “Precisamos de uma redução antes de podermos avançar.”
A expectativa pelo encontro entre as autoridades das duas potências gerava otimismo nos mercados, com os investidores buscando ativos arriscados, como ações nos EUA e na Ásia. Nos mercados cambiais, no entanto, ainda havia um sentimento de cautela antes da decisão do Federal Reserve mais tarde.
O banco central dos EUA publicará sua decisão de política monetária às 15h (horário de Brasília), quando a expectativa é que mantenha a taxa de juros inalterada. As atenções estarão voltadas para quaisquer sinais sobre as perspectivas para os juros à frente em meio aos impactos das tarifas no crescimento econômico e na inflação.
O chair do Fed, Jerome Powell, concederá coletiva de imprensa após a decisão.
“A atenção dos investidores estará voltada ao discurso do chair do Fed, que ocorrerá logo após o anúncio. Qualquer sinal de que não há pressa para novas reduções poderá fortalecer o dólar”, disse Fernanda Campolina, especialista em câmbio da One Investimentos.
Operadores projetam que o Fed voltará a cortar os juros em julho e precificam 78 pontos-base de afrouxamento até o fim do ano.
Na cena doméstica, o foco estará em torno da decisão de juros do Banco Central, que deve elevar a taxa Selic novamente, segundo projeções de economistas e do mercado, mas ainda há dúvida sobre a magnitude do movimento. Operadores preveem 74% de chance de uma alta de 50 pontos, contra 26% de probabilidade de um aumento de 25 pontos.
“O mercado estará atento a possíveis sinais sobre se esse será o pico do ciclo ou se a taxa poderá atingir maiores patamares”, afirmou Campolina.
O BC elevou a Selic, atualmente em 14,25% ao ano, em 100 pontos nas três últimas reuniões e apenas sinalizou que o aumento desta quarta terá uma magnitude menor.
O índice do dólar — que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas — caía 0,06%, a 99,447.