SÃO PAULO (Reuters) – O dólar completou a quinta sessão consecutiva de perdas ante o real, encerrando novamente abaixo dos R$5,70 nesta quinta-feira, com as cotações acompanhando o recuo quase generalizado da moeda norte-americana no exterior, em meio à expectativa de juros mais baixos nos EUA.
O dólar à vista fechou em baixa de 0,43%, aos R$5,6933. Em abril, a divisa passou a acumular queda de 0,24%.
Às 17h17 na B3 o dólar para maio — atualmente o mais líquido no Brasil — cedia 0,37%, aos R$5,6890.
Nas últimas sessões o dólar já vinha perdendo força ante o real com a perspectiva de que o presidente dos EUA, Donald Trump, possa negociar com a China, amenizando o conflito tarifário entre os países. O recuo recente de Trump de seus ataques ao chair do Federal Reserve, Jerome Powell, era outro motivo de alívio para os mercados globais.
Nesta quinta-feira o otimismo foi intensificado por comentários do diretor do Fed Christopher Waller, avaliando que a disputa tarifária envolvendo os EUA pode elevar o desemprego rapidamente no país e, ao mesmo tempo, suscitar cortes de juros.
Já a presidente do Fed de Cleveland, Beth Hammack, pediu paciência em relação à política monetária em meio aos altos níveis de incerteza e não descartou mudanças na taxa de juros até junho, caso os dados sugiram a necessidade de ação.
Em reação, os rendimentos dos Treasuries cederam, com o mercado precificando chances maiores de o Fed cortar juros já em junho. Essa perspectiva de juros mais baixos nos EUA impulsionou os ativos de risco ao redor do mundo, o que levou à alta do Ibovespa, ao avanço firme do real e à queda das taxas dos DIs (Depósitos Interfinanceiros).
Assim, o dólar oscilou em baixa durante toda a sessão no Brasil. Após marcar a máxima de R$5,6955 (-0,39%) às 9h17, ainda na primeira meia hora de negócios, o dólar à vista atingiu a mínima de R$5,6625 (-0,97%) às 12h50.
Internamente, o mercado também acompanhou declarações ao longo do dia de autoridades do Banco Central. O diretor de Política Econômica do BC, Diogo Guillen, afirmou que a moderação do crescimento no Brasil é importante para levar a inflação à meta, acrescentando que os riscos do choque global de comércio são de crescimento mais baixo e inflação mais alta.
Já o diretor de Assuntos Internacionais e de Gestão de Riscos Corporativos do BC, Paulo Picchetti, disse que há alguma desaceleração da atividade acontecendo no momento, mas que a autarquia ainda não consegue estabelecer uma tendência real devido a dúvidas sobre a confiabilidade dos dados.
No exterior, o dólar seguia em queda ante a maior parte das demais divisas — incluindo pares do real como o peso chileno e o peso mexicano. Às 17h17, o índice do dólar — que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas — caía 0,47%, a 99,309.
(Por Fabricio de Castro)