Por Lisandra Paraguassu e Kate Abnett e Sudarshan Varadhan
BELÉM (Reuters) – A presidência brasileira da COP30 fechou um acordo climático de compromisso que aumenta o financiamento para as nações pobres que estão lidando com o aquecimento global, mas que omite qualquer menção aos combustíveis fósseis que o impulsiona.
Ao garantir o acordo, o Brasil buscou demonstrar unidade global na abordagem dos impactos da mudança climática, mesmo depois que o maior emissor histórico do mundo, os Estados Unidos, se recusou a enviar uma delegação oficial.
No entanto, o acordo, que chegou às horas extras após duas semanas de negociações contenciosas na cidade amazônica de Belém, expôs profundas divergências sobre como as futuras ações climáticas devem ser realizadas.
Depois de fechar o acordo, o presidente da COP30, André Corrêa do Lago, reconheceu que as negociações foram difíceis.
“Sabemos que alguns de vocês tinham ambições maiores para algumas das questões em pauta”, disse ele.
Vários países se opuseram ao fato de a cúpula ter terminado sem planos mais sólidos para controlar os gases de efeito estufa ou abordar os combustíveis fósseis.
Algumas das críticas vieram dos vizinhos do Brasil na América Latina, com várias objeções feitas por Colômbia, Panamá e Uruguai antes de Corrêa do Lago suspender a plenária para novas consultas.
Após cerca de uma hora, ele retomou a sessão e disse que as decisões tomadas seriam mantidas.
Observando que os combustíveis fósseis são, de longe, o maior contribuinte para as emissões que causam o aquecimento do planeta, a negociadora da Colômbia disse que seu país não poderia concordar com um pacto que ignorasse a ciência.
“Um consenso imposto sob o negacionismo climático é um acordo fracassado”, afirmou a negociadora colombiana.
Os três países disseram que não se opunham ao acordo político geral da COP30, mas a um dos outros textos de negociação mais técnicos que os países deveriam aprovar no final da cúpula, juntamente com o acordo principal.
Os três se juntaram à União Europeia exigindo que o acordo incluísse uma linguagem sobre a transição para longe dos combustíveis fósseis, enquanto uma coalizão de países, incluindo o maior exportador de petróleo, a Arábia Saudita, disse que qualquer menção a combustíveis fósseis estava fora dos limites.
Após tensas negociações durante a noite, a UE concordou na manhã de sábado em não bloquear um acordo final, mas disse que não concordava com a conclusão.
“Devemos apoiar (o acordo) porque pelo menos ele está indo na direção certa”, declarou o comissário climático da União Europeia, Wopke Hoekstra, aos repórteres antes de o acordo ser selado.
O negociador climático do Panamá, Juan Carlos Monterrey, disse antes da plenária final que seu país não estava satisfeito com o resultado da cúpula.
“Uma decisão climática que não consegue nem dizer ‘combustíveis fósseis’ não é neutralidade, é cumplicidade. E o que está acontecendo aqui transcende a incompetência”, afirmou Monterrey.




