DAVOS (Reuters) – Os presidentes-executivos de bancos, reunidos nesta quarta-feira em particular no Fórum Econômico Mundial de Davos, expressaram preocupações sobre os riscos da concorrência com fintechs e credores privados e reclamaram de regulamentações onerosas, disse uma fonte familiarizada com o assunto.
Na reunião em Davos, que contou com a presença de dezenas de CEOs, incluindo Jamie Dimon, do JPMorgan, os executivos também discutiram um cenário econômico global desafiador, com mudanças nas políticas de taxas de juros e aumento da dívida, disse à Reuters outra fonte com conhecimento da reunião.
Os líderes de bancos foram vistos pela Reuters entrando na reunião. Antes disso, pelo menos um CEO do setor bancário disse à Reuters que enxergava a possibilidade de riscos geopolíticos atrapalharem cortes nas taxas de juros.
A sessão privada foi liderada pelo CEO do Barclays, C.S. Venkatakrishnan, e da Manulife, Roy Gori, segundo cópia da agenda obtida pela Reuters. Os tópicos incluíram a gestão do risco num contexto de tensão geopolítica, a incerteza macroeconômica e a perturbação tecnológica.
A resistência à regulamentação surge depois que os bancos de Wall Street, nesta semana, pediram ao Federal Reserve para reformular completamente uma proposta de regra que aumenta o capital dos bancos, buscando diluir a proposta conhecida como “Basel Endgame” que, segundo banqueiros, prejudicará a economia.
O chair do UBS, Colm Kelleher, falando em Davos mais cedo, afirmou que os reguladores deveriam se concentrar nos chamados credores paralelos, que não estão sujeitos às mesmas regras e têm maior probabilidade de causar a próxima crise.
As falências de bancos nos EUA e na Europa, em março, reacenderam um debate sobre os riscos que as instituições podem representar para o sistema financeiro, ainda que reservas de capital entre credores fortemente regulamentados tenham ajudado a conter os receios de contágio.
Enquanto isso, no âmbito de uma medida há muito aguardada nos EUA, novas regulamentações esperadas para serem finalizadas este ano deverão permitir que os consumidores transfiram mais facilmente seus dados entre provedores de serviços financeiros, o que pode estimular a competição com empresas de tecnologia financeira.
Estavam presentes cerca de 60 CEOs de empresas financeiras de todo o mundo, incluindo bancos e companhias de seguros, disse a primeira fonte.
Autoridades do JPMorgan não comentaram imediatamente, enquanto do Banco Central Europeu (BCE) e da Autoridade de Regulação Prudencial do Reino Unido não quiseram falar.
Os porta-vozes de Barclays e Manulife não foram encontrados de imediato.
(Reportagem de Stefania Spezzati e Megan Davies; reportagem adicional de Francesco Canepa)