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Setor de geração distribuída de energia estima benefícios e aposta em armazenamento contra excesso

Pessoa caminhando por um vasto campo de painéis solares dispostos em linhas ordenadas ao ar livre, aproveitando a energia solar.

Por Leticia Fucuchima

SÃO PAULO (Reuters) – A geração distribuída de energia traz benefícios para a rede elétrica e para a economia brasileira, segundo um estudo apresentado nesta terça-feira pela associação do segmento ABGD, que aposta ainda em sistemas de armazenamento como solução para os desafios técnicos causados ao setor elétrico pelo excesso de geração dos painéis solares distribuídos.

Em rápida expansão, a modalidade de geração de energia em pequenos sistemas, como painéis solares em tetos e fachadas, superou 40 gigawatts (GW) de potência neste ano e alçou a energia solar como a segunda maior fonte da matriz brasileira, atrás da hidrelétrica.

Por outro lado, o segmento também se tornou motivo de críticas e preocupação para o setor elétrico, já que as milhões de instalações de posse dos consumidores não são controláveis centralizadamente pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), o que dificultou a gestão dos recursos e aumentou consideravelmente o risco de blecautes.

Conforme o estudo, conduzido por uma empresa especializada no setor elétrico composta por consultores, professores e pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP), a geração distribuída contribui para reduzir perdas de energia nas redes, diminuir emissões de CO₂ no setor e postergar investimentos em infraestrutura, como novas linhas de transmissão.

No caso das redes de média tensão, o estudo estimou que os benefícios da geração distribuída são predominantes onde há penetração de até 70% desses sistemas. Entre os pontos positivos estimados, estão redução de perdas técnicas em até 3,7%, melhora na qualidade da tensão, alívio da sobrecarga de transformadores em até 10,4%, entre outros.

Já nas redes de baixa tensão, como as que atendem a maior parte das residências, os efeitos da geração distribuída também dependem do nível de penetração — já que, em geral, as redes das distribuidoras, onde esses pequenos sistemas solares são conectados, não estão preparadas para receber tanta geração.

Onde há alta penetração da GD, o estudo aponta possibilidade de ocorrência de sobretensões, um tipo de desequilíbrio que, no limite, pode levar a falhas em equipamentos e problemas de fornecimento de energia.

Mas a avaliação é que isso é contornável com ações como a adoção de armazenamento.

“É um casamento perfeito, o da geração distribuída com armazenamento… Na hora que você tem excesso de energia, está carregando a bateria e na hora que tem certa escassez, você descarrega essa energia”, disse José da Costa, presidente do conselho da ABGD.

“Eu tenho certeza que esses aspectos de desbalanço que houve, por esse crescimento surpreendente (da geração distribuída), vão ser devidamente equacionados (com o armazenamento)”, acrescentou.

Ele observou, no entanto, que o Brasil precisa ainda avançar com a regulamentação do armazenamento para que esses sistemas sejam adotados em larga escala por parte dos consumidores, que são os usuários da GD.

Já sob a ótica socioeconômica, o estudo estimou que cada R$1,00 investido na geração distribuída adiciona R$1,60 ao PIB brasileiro, mesmo considerando a alta taxa de importação de equipamentos.

O estudo foi encomendado pela ABGD como forma de apoiar o debate sobre a valoração de todos os custos e benefícios da geração distribuída para precificar a energia injetada na rede por esses painéis, conforme previsto no marco legal do segmento.

PARTE DO FUTURO DO SETOR

O presidente do conselho da ABGD reconhece que a geração distribuída tem “incomodado” outros segmentos do setor elétrico, como a distribuição e a geração centralizada, devido ao crescimento acelerado que “superou todas as previsões”.

A modalidade começou a ganhar relevância no Brasil a partir de 2018, devido aos subsídios tarifários concedidos aos consumidores que instalam esses sistemas. Grande parte dos projetos estão isentos do pagamento de tarifas de uso dos sistemas de transmissão e distribuição, um custo que acaba sendo alocado para os demais consumidores que não possuem GD.

O marco legal do segmento, instituído em 2022, prevê uma eliminação gradual dos incentivos, mas o prazo é considerado “muito lento” por entidades como a Agência Internacional de Energia (IEA).

Neste ano, grandes geradoras de energia começaram a fazer pressão pela revisão dos benefícios ao segmento, já que, segundo essas empresas, a GD é uma das causadoras da sobreoferta de energia no país que intensificou os cortes da produção das usinas eólicas e solares, levando a prejuízos bilionários.

“Eu acho que é um crime você deixar de utilizar a geração distribuída como ferramenta fundamental para a transição energética”, disse Costa, da ABGD.

Ele defende ainda a criação de um operador para os “recursos energéticos distribuídos”, algo que o próprio ONS tem estudado junto às distribuidoras.

“A solução não é parar a GD, a solução é ter a legislação, a regulação eficiente para permitir que todos esses vetores positivos sejam devidamente implantados nesse processo de transição energética.”

 

(Por Letícia Fucuchima)

 

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