Por Gram Slattery e Tim Reid
WEST PALM BEACH, Flórida (Reuters) – A ameaça surpresa de Donald Trump de retomar o controle do Canal do Panamá e sua declaração expansionista de que os Estados Unidos deveriam tomar a Groenlândia sinalizam que o presidente eleito dos EUA pretende adotar uma política externa desvinculada de gestos diplomáticos de boa vontade.
Enquanto Trump se prepara para assumir o cargo, em 20 de janeiro, seus assessores têm trabalhado preparando-o para lidar com duas crises de política externa: a guerra na Ucrânia e os múltiplos conflitos no Oriente Médio, situações que o presidente eleito prometeu resolver rapidamente.
No domingo, no entanto, Trump estava mais focado em fazer ameaças aos aliados dos EUA, como Panamá e Dinamarca, que controla a Groenlândia como território ultramarino.
Nas semanas anteriores, foi o Canadá que teve de lidar com suas provocações sugerindo que deveria se tornar o 51º Estado dos Estados Unidos.
Defensores da abordagem de Trump dizem que ele é apenas um entusiasta contundente das políticas de “América em Primeiro Lugar”. Isso significa defender de forma direta os interesses americanos — econômicos ou outros — ao lidar com aliados, ignorando amplamente as consequências que esses aliados possam enfrentar.
“A ideia é que o que é bom para os Estados Unidos é bom para o resto do mundo”, disse Victoria Coates, uma alta funcionária de segurança nacional durante o mandato de Trump de 2017 a 2021.
“Por isso, ele analisa de forma objetiva quais são os interesses da América em qualquer situação.”
No caso do Panamá, Trump afirmou que os Estados Unidos deveriam reafirmar o controle da importante via aquática da América Central porque o Panamá estava cobrando valores excessivos das embarcações para utilizá-la, alegação veementemente negada pelo presidente panamenho.
(Reportagem de Gram Slattery em West Palm Beach, Flórida, e Tim Reid em Washington; reportagem adicional de Steve Holland)