Por Leticia Fucuchima e Rodrigo Viga Gaier
SÃO PAULO/RIO DE JANEIRO, 12 Dez (Reuters) – A região metropolitana de São Paulo registra 800 mil consumidores sem luz na manhã desta sexta-feira, dois dias depois da chegada de um ciclone extratropical que perturbou também os serviços locais aéreos e de abastecimento de água, e sem que haja uma previsão de restabelecimento total da energia para todos os afetados.
Segundo dados disponibilizados pela distribuidora local da Enel, às 8h desta sexta-feira o fornecimento de energia estava interrompido para 799 mil clientes na região metropolitana de São Paulo, ou 9,4% do total atendido, com a capital paulista reunindo a maior parte dos clientes ainda impactados (580 mil, ou 10,1% do total no município).
A concessionária afirmou em nota que mobilizou cerca de 1.600 equipes para atuar na região após um “vendaval histórico”, com rajadas que alcançaram 98km/h, provocando queda de árvores e lançando galhos e outros objetos sobre a rede elétrica.
A Enel disse ainda que suas equipes “seguem comprometidas com a operação de atendimento a emergências” e já restabeleceram o fornecimento de energia para cerca de 1,8 milhão dos 2,2 milhões clientes afetados no pico do problema, na quarta-feira, sendo que na quinta-feira teriam surgido mais 500 mil novos casos de falta de luz.
Imagens da TV Globo em três locais mostraram veículos de atendimento da Enel parados em pátios da concessionária sem prestar serviço de religação de energia. À emissora, o diretor regional da Enel, Marcelo Puertas, atribuiu os veículos parados à rotatividade entre turnos de atendimento. A prefeitura de São Paulo notificou a concessionária e pediu esclarecimentos pelos véiculos parados.
À Reuters, o diretor da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) Fernando Mosna disse que se reuniu na tarde da véspera com o presidente da Enel São Paulo, Guilherme Lencastre, que teria apresentado a ele os dados e ações da concessionária para restabelecer os serviços aos impactados.
Segundo Mosna, a Enel não informou uma data para que o fornecimento de energia para todos consumidores seja retomado, sem apresentar justificativa específica.
No início da semana, a Aneel já havia solicitado esclarecimentos da concessionária sobre a preparação da empresa para responder ao evento climático extremo, que já estava previsto para ocorrer, além de comprovação de adequação da estrutura operacional.
A Enel São Paulo tem estado sob escrutínio público desde novembro de 2023, quando um evento climático extremo, com ventos de mais de 100km/h, atingiu sua área de concessão e deixou milhões de consumidores sem energia por vários dias. A resposta da Enel no atendimento aos consumidores nessa e em outras ocasiões subsequentes, considerada aquém do desejado, gerou críticas de consumidores e autoridades.
O ciclone extratropical afetou ainda outras cidades do Estado de São Paulo, mas com impacto mais limitado. Segundo informações da agência reguladora estadual Arsesp, até as 22h de quinta-feira, 50 mil clientes de outras distribuidoras do Estado, como CPFL, Neoenergia Elektro, Energisa Sul-Sudeste e EDP SP, registravam interrupção parcial no fornecimento de energia.
No setor aéreo, a concessionária Aena, do aeroporto de Congonhas, afirmou que as operações estão normais na manhã desta sexta-feira, com uma chegada e duas partidas canceladas até as 7h. Na véspera, foram canceladas 67 chegadas e 54 partidas, enquanto na quarta-feira, com ventos ainda mais fortes, houve cancelamento de 88 chegadas e 93 partidas.
Em nota, a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) disse que há um “impacto significativo” em várias operadoras que atuam no Estado de São Paulo devido aos problemas no fornecimento de energia.
“Embora tenham sido acionadas alternativas de alimentação, como o uso de geradores, a duração prolongada da interrupção de energia acabou comprometendo a continuidade do serviço”, disse a Anatel.
(Por Letícia Fucuchima e Rodrigo Viga Gaier)




