Por Jason Lange
WASHINGTON (Reuters) – O ativista antivacinas Robert F. Kennedy Jr., membro de uma das mais célebres famílias políticas norte-americanas, poderia atrair o apoio de cerca de um em cada sete eleitores dos Estados Unidos, de acordo com uma pesquisa Reuters/Ipsos publicada antes do esperado lançamento de sua campanha presidencial, na próxima segunda-feira.
A pesquisa mostrou que Kennedy, filho e homônimo do senador norte-americano assassinado, poderia tirar votos tanto do presidente democrata Joe Biden quanto de seu provável adversário republicano Donald Trump nas eleições de 2024. É esperado que Kennedy concorra como independente.
Esta é uma complicação significativa em um país dividido de forma acentuada e amarga, onde as sondagens mostram pouco entusiasmo tanto por Biden como pelo ex-presidente Trump, em uma eleição que provavelmente será decidida em alguns Estados mais disputados.
A pesquisa nacional, conduzida ao longo de dois dias e concluída na quarta-feira, mostrou que, em um confronto a dois, Biden e Trump tiveram, cada um, o apoio de 35% dos entrevistados, com 11% dizendo que votariam em algum outro candidato, 9% dizendo que não votariam e 9% afirmaram não saber em quem votariam.
Num hipotético confronto a três, Kennedy obteve 14% de apoio, a parcela de Biden caiu para 31% e a de Trump para 33%. Cerca de 9% disseram que não votariam e 13% disseram não saber em quem votariam.
O resultado também mostrou Biden e Trump essencialmente empatados. A sondagem se baseou em uma enquete online, com 1.005 pessoas e um intervalo de credibilidade, uma medida de precisão, de cerca de 4 pontos percentuais para mais ou para menos.
É esperado que Kennedy anuncie na Filadélfia na segunda-feira que abandonará sua campanha para desafiar Biden pela indicação do Partido Democrata e, em vez disso, que irá concorrer como candidato independente.
Embora não seja considerado um dos principais candidatos à Presidência, Kennedy se beneficia de um nome bem conhecido. Além de seu pai, seu tio, o presidente democrata John F. Kennedy, também foi assassinado durante a turbulenta década de 1960.
O apelo de Kennedy aos eleitores de ambos os partidos pode se dever, em parte, às suas posições públicas que se alinham mais com os apoiadores de Trump, que abraçaram as teorias conspiratórias e antivacinação, do que com a base de centro-esquerda de Biden.
Kennedy foi banido do YouTube por espalhar desinformação sobre vacinas e a pandemia de Covid-19. A Casa Branca, outros democratas e profissionais médicos disseram que seus comentários alimentaram o antissemitismo e o preconceito racial.
Kennedy também sugeriu que os antidepressivos causam tiroteios em escolas, a radiação Wi-Fi causa câncer e que a eleição de 2004 que reelegeu George W. Bush foi roubada, de acordo com o site FactCheck.org.
(Reportagem de Jason Lange)