Por Mark Trevelyan
LONDRES (Reuters) – A ex-jornalista de TV Yekaterina Duntsova foi desqualificada neste sábado da eleição presidencial na Rússia, esperada para março, na qual concorreria contra Vladimir Putin.
A desqualificação ocorreu devido a supostas falhas em seu pedido de registro como candidata.
Vídeo de uma reunião da comissão eleitoral central mostra os membros votando unanimemente pela rejeição da candidatura de Duntsova, que pretendia concorrer com um discurso de acabar com a guerra na Ucrânia e libertar prisioneiros políticos.
A desqualificação foi classificada pelos críticos de Putin como prova de que ninguém com pontos de vista genuínos de oposição terá permissão para concorrer contra ele na primeira eleição presidencial desde o início da guerra, que já dura 22 meses.
Esses críticos veem a eleição como um processo falso com apenas um resultado possível.
O Kremlin afirma que Putin vencerá porque conta com apoio genuíno de toda a sociedade, com índices de cerca de 80%, conforme pesquisas de opinião.
A chefe da comissão eleitoral, Ella Pamfilova, ofereceu palavras de consolo à Duntsova após sua rejeição.
“Você é uma mulher jovem, tem tudo pela frente. Qualquer ponto negativo sempre pode ser transformado em um ponto positivo. Qualquer experiência ainda é uma experiência”, disse Pamfilova.
Capturas de tela publicadas por um canal no Telegram que representa Duntsova mostraram os documentos que, segundo ela, a comissão disse estarem sem as assinaturas necessárias.
Duntsova, 40 anos, disse a jornalistas que sua equipe montou a candidatura às pressas e teve dificuldade em encontrar um advogado para certificá-la, após dezenas de recusas.
Ela disse que entrou em contato com o veterano político liberal Grigory Yavlinsky sobre a possibilidade de apresentar uma nova candidatura como representante de seu partido Yabloko.
“Espero que haja algum tipo de reação… Em princípio, temos valores semelhantes”, disse Duntsova.
Porém, Yavlinsky disse em entrevista a um canal do YouTube que o Yabloko não a apoiará “porque não a conhecemos”.
Duntsova havia apresentado documentos à comissão eleitoral menos de 72 horas antes da rejeição. A sua candidatura foi amplamente ignorada pela mídia estatal pró-Kremlin, que também não informou sobre sua desqualificação.
(Reportagem de Mark Trevelyan)