Por Alison Withers
CONPENHAGUE (Reuters) – O aquecimento global está ultrapassando limites perigosos mais cedo do que o esperado, com os recifes de coral do mundo agora em uma extinção quase irreversível, marcando o que os cientistas descreveram na segunda-feira como o primeiro “ponto de inflexão” no colapso do ecossistema causado pelo clima.
O alerta no relatório Global Tipping Points, elaborado por 160 pesquisadores de todo o mundo, que sintetiza a ciência inovadora para estimar os pontos sem retorno, vem apenas algumas semanas antes da cúpula climática COP30 deste ano, realizada em Belém.
Segundo o relatório, a floresta amazônica corre o risco de entrar em colapso quando a temperatura média global se aquecer além de apenas 1,5 grau Celsius, com base nas taxas de desmatamento, revisando para baixo o limite estimado para a Amazônia.
Também é motivo de preocupação, caso as temperaturas continuem subindo, a ameaça de interrupção da principal corrente oceânica chamada Célula de Revolvimento Meridional do Atlântico, ou Amoc, que ajuda a garantir invernos amenos no norte da Europa.
“A mudança está ocorrendo rapidamente agora, de forma trágica, em partes do clima e da biosfera”, disse o cientista ambiental Tim Lenton, da Universidade de Exeter, que é o principal autor do relatório.
ALGUNS SINAIS POSITIVOS
Lenton observou sinais positivos no que diz respeito à eliminação gradual dos combustíveis fósseis mais responsáveis pelas mudanças climáticas. As energias renováveis, por exemplo, foram responsáveis por mais geração de eletricidade do que o carvão este ano pela primeira vez, de acordo com dados do instituto sem fins lucrativos Ember.
“Ninguém quer ficar apenas traumatizado e sem poder”, disse Lenton. “Ainda temos algum poder de ação.”
Os cientistas imploraram aos países na COP30, em novembro, que trabalhem para reduzir as emissões de carbono que causam o aquecimento climático.
Os cientistas ficaram surpresos com a rapidez com que as mudanças estão ocorrendo na natureza, com as temperaturas médias globais já tendo aquecido de 1,3 a 1,4 grau Celsius acima da média pré-industrial, de acordo com dados das agências científicas da ONU e da União Europeia.
Os últimos dois anos foram os mais quentes já registrados na Terra, com ondas de calor marinhas que estressaram 84% dos recifes do mundo a ponto de causar branqueamento e, em alguns casos, a morte. Os recifes de coral sustentam cerca de um quarto da vida marinha.
Para que os corais se recuperem, o mundo precisaria aumentar drasticamente a ação climática para reverter as temperaturas de volta para apenas 1 grau C acima da média pré-industrial, sugeriram os cientistas.
“O novo relatório deixa claro que a cada ano há um aumento no escopo e na magnitude dos impactos negativos da mudança climática”, disse Pep Canadell, cientista sênior do CSIRO Climate Science Centre da Austrália.