Por Ricardo Brito
BRASÍLIA (Reuters) – A Polícia Federal foi às ruas nesta quarta-feira para cumprir mandados judicias no âmbito de uma operação para combater grupo criminoso suspeito de transporte ilegal de ouro extraído de terras indígenas no Pará para envio a outros Estados e ao exterior, em esquema que movimentou 4 bilhões de reais, informou a corporação.
O delegado Pedro Henrique Melo, responsável pela operação, disse que as investigações apontaram que o esquema ilegal recrutava estrangeiros, na maioria venezuelanos, que haviam acabado de chegar ao Brasil pela fronteira terrestre para depois fazerem o transporte do minério ilegal por meio de bagagens despachadas em voos comerciais de volta para Venezuela e Guiana.
“Durante um ano de investigações, constatou-se que, aproximadamente, uma tonelada de ouro foi transportada de maneira ilegal, além da movimentação de mais de 4 bilhões de reais entre os envolvidos, incluindo pessoas interpostas e empresas fantasmas”, afirmou o delegado, em vídeo divulgado pela PF.
“O ouro, realmente, a gente descobriu que era retirado de lavras irregulares situadas no oeste do Pará e era transportado para Boa Vista e Manaus com destino para o exterior, (via) de regra para Venezuela e Guiana”, detalhou.
A Justiça Federal autorizou a PF a cumprir nove mandados de prisão e outros 19 de busca e apreensão nos Estados do Pará, Roraima, Amapá, São Paulo, Paraná e Goiás. Houve ainda a determinação do sequestro de mais de 615 milhões de reais em bens e valores.
O delegado disse que durante o cumprimento dos mandados foram apreendidos diversos carros de luxo, um grande número de armas, além de quantias em dinheiro, algumas joias e metais preciosos.
O governo federal lançou no mês passado uma grande operação envolvendo 20 órgãos para promover a desintrusão de garimpeiros da Terra Indígena Munduruku. Reportagem da Reuters acompanhou ações no início da operação, e constatou que o envolvimento dos indígenas na mineração ilegal dificultava a repressão ao garimpo na Amazônia.
A Terra Munduruku, uma reserva com 140 aldeias onde vivem cerca de 9 mil indígenas do tamanho da metade do Estado do Rio de Janeiro ao longo do rio Tapajós, um dos principais afluentes do rio Amazonas, tornou-se um ponto crítico para o garimpo ilegal, atividade proibida por lei nesse tipo de território no Brasil.