Por Leonardo Benassatto e Sergio Queiroz e Lisandra Paraguassu
BELÉM (Reuters) – Dezenas de manifestantes indígenas forçaram a entrada no local da cúpula climática COP30 nesta terça-feira e entraram em confronto com os seguranças.
Gritando com raiva, os manifestantes exigiam acesso ao complexo da ONU, onde milhares de delegados de países de todo o mundo estão participando da cúpula climática da ONU deste ano.
Alguns agitavam bandeiras com slogans que pediam o direito à terra ou carregavam cartazes dizendo “nossa terra não está à venda”.
Um líder indígena da comunidade Tupinambá, perto do curso inferior do rio Tapajós, no Brasil, disse à Reuters que eles estavam chateados com o desenvolvimento em andamento na floresta.
“Não podemos comer dinheiro”, disse Gilmar, que usa apenas um nome. “Queremos nossas terras livres do agronegócio, da exploração de petróleo, dos garimpeiros ilegais e dos madeireiros ilegais.”
Os seguranças empurraram os manifestantes para trás e usaram mesas para bloquear a entrada. Uma testemunha da Reuters viu um integrante da segurança ser levado às pressas em uma cadeira de rodas com as mãos no estômago.
Outro segurança, com um corte acima do olho, disse à Reuters que havia sido atingido na cabeça por uma baqueta pesada lançada pela multidão. A segurança confiscou vários cassetetes.
Os manifestantes se dispersaram logo após o confronto. Eles faziam parte de um grupo de centenas de pessoas que marcharam até o local do evento na cidade amazônica de Belém.
Mais tarde, os seguranças permitiram que os delegados saíssem do local, depois de terem pedido que voltassem para dentro até que a área estivesse livre.
A agência climática da ONU não respondeu imediatamente a um pedido de comentário. Dentro do complexo, a Organização das Nações Unidas é responsável pela segurança.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva destacou as comunidades indígenas como atores-chave nas negociações da COP30 deste ano.
No início desta semana, dezenas de líderes indígenas chegaram de barco para participar das negociações e exigir mais voz sobre como as florestas são gerenciadas.
Em uma entrevista separada nesta terça-feira, Raoni Metuktire, também conhecido como Chefe Raoni, disse à Reuters ver os projetos de infraestrutura defendidos pelo governo brasileiro para modernizar a região amazônica como uma ameaça à floresta, aos povos indígenas e até mesmo ao restante da população.
(Reportagem de Leonardo Benassato, Serghio Queiroz, Lisandra Paraguassu e Ben Makori)




