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Lula vai ao Xingu homenagear Raoni e ouve crítica de cacique a petróleo na Foz do Amazonas

Retrato de Lula, presidente do Brasil, em um evento político, expressando emoção intensa com foco em seus olhos e barba branca.

Por Eduardo Simões

(Reuters) – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi à reserva indígena do Xingu, no Mato Grosso, nesta sexta-feira para condecorar o cacique Raoni Metuktire, referência mundial na defesa do meio ambiente e dos povos indígenas, e ouviu dele uma crítica à possibilidade de exploração de petróleo na foz do Rio Amazonas, numa região que faz parte da chamada Margem Equatorial.

Lula concedeu a Raoni a Grã-Cruz da Ordem Nacional do Mérito, que homenageia brasileiros com destacados serviços ao país, e recebeu dos indígenas um colar também como forma de homenagem.

O presidente, ao mesmo tempo, ouviu cobranças do cacique que discursou em sua língua nativa e teve suas palavras traduzidas por um intérprete.

“Eu estou sabendo que lá na foz do Rio Amazonas o senhor está pensando no petróleo que está lá debaixo do mar, eu penso que não. Por quê? Essas coisas na forma como estão garantem que a gente tenha o meio ambiente, a terra com menos poluição e menos aquecimento”, disse o cacique, segundo seu intérprete.

“Eu sou pagé também e tive contato com os espíritos que sabem do risco que a gente tem de continuar trabalhando dessa forma de destruir, destruir e destruir e que podemos ter consequências muito grandes que podemos não conseguir parar.”

O cacique disse, ainda, de acordo com a tradução do intérprete, que não concordou com algumas das coisas que Lula fez em seus mandatos anteriores, mas que agora pretende trabalhar em conjunto com o presidente em prol da felicidade dos povos indígenas.

Lula, por sua vez, ao discursar, não respondeu às cobranças de Raoni, usando sua fala, em vez disso, para exaltar a liderança do cacique, a quem classificou de “ser extraordinário”, “grande nome da história” e “merecedor de todas as homenagens no Brasil e no mundo”.

“Raoni é uma liderança que inspira paz, sabedoria ancestral e profundo conhecimento sobre as necessidades da terra e a relação do homem com a natureza”, disse Lula em discurso lido e preparado previamente.

A possibilidade de exploração de petróleo na região da foz do Amazonas, no Amapá, pela Petrobras tem gerado atrito dentro do governo.

O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, a Petrobras e membros da bancada parlamentar do Amapá — como o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União), e o líder do governo no Congresso, senador Randolfe Rodrigues (PT) — têm pressionado pela exploração de petróleo na região, apontada como de grande potencial de reservas.

Silveira tem cobrado uma resposta do Ibama sobre o pedido de licenciamento para perfuração de um poço na Margem Equatorial para pesquisar o potencial de eventual produção de petróleo na região.

O Ibama já negou o pedido uma vez, alegando que a Petrobras não havia apresentado resposta a todos as questões que o órgão apontou. A estatal reapresentou o pedido com mudanças, mas em fevereiro deste ano técnicos do órgão recomendaram, mais uma vez, que o pedido fosse negado, segundo fontes.

A decisão final cabe ao presidente do Ibama, Rodrigo Agostinho, e à direção do órgão, mas até agora não foi revelada.

Lula defende o avanço da exploração na região, depois de mais de uma década que o Brasil não confirma uma grande descoberta de petróleo, mas alas do governo temem a abertura de novas fronteiras em regiões ambientalmente sensíveis, enquanto líderes mundiais alertam sobre a necessidade da transição energética.

Agostinho está sob forte pressão de Lula, que disse em fevereiro que o Ibama “é um órgão do governo parecendo que é um órgão contra o governo” devido ao atraso na aprovação da licença.

Também em fevereiro, Lula disse que convenceria a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, e o Ibama sobre a prospecção de petróleo na região amapaense e garantiu que a Petrobras atuará “com toda responsabilidade” com o meio ambiente.

 

(Por Eduardo Simões, em São Paulo)

 

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