KUALA LUMPUR (Reuters) – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta segunda-feira que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, “garantiu” durante reunião entre os dois líderes no domingo que os dois países chegarão a um acordo sobre o comércio.

Lula afirmou em entrevista à imprensa às margens da cúpula da Associação das Nações do Sudeste Asiático (Asean), na Malásia, que suas discussões com Trump foram bem e que um acordo será alcançado “mais rápido do que muita gente pensa”.

“O compromisso que ele fez é que ele pretende fazer um acordo de muita boa qualidade com o Brasil. Isso está muito registrado na minha cabeça e na cabeça dele”, disse Lula aos jornalistas.

“Embora ele não tenha feito promessa, ele garantiu que nós vamos ter acordo. E eu acho que vai ser mais rápido do que muita gente pensa”, acrescentou o presidente, dizendo ainda estar convencido de que “em poucos dias nós teremos uma solução definitiva entre Estados Unidos e Brasil”.

Lula disse ainda que, a depender do resultado das conversas entre os dois lados já nesta semana, fará um telefonema diretamente para Trump.

O presidente norte-americano, por sua vez, após deixar a Malásia, disse que teve uma “boa reunião” com Lula, a quem descreveu como “um cara bastante enérgico”, mas estava incerto sobre as perspectivas de um acordo.

“Não sei se algo vai acontecer, mas veremos”, disse ele a repórteres a bordo do avião presidencial Força Aérea Um.

Os Estados Unidos impuseram tarifas de 50% sobre os produtos brasileiros e sanções a autoridades brasileiras apontando como justificativa o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, que o presidente dos EUA classificou como “caça às bruxas”.

Lula disse que as recentes decisões tomadas pelos Estados Unidos contra o Brasil foram “incorretas”. Disse ainda que afirmou a Trump que o julgamento que condenou Bolsonaro a mais de 27 anos de prisão por tentativa de golpe de Estado foi justo e que Bolsonaro “faz parte do passado da política brasileira”.

“Ele (Trump) sabe que rei morto, rei posto”, disse Lula, referindo-se a Bolsonaro. “E eu ainda disse para ele (Trump): ‘com três reuniões que você fizer comigo, você vai perceber que o Bolsonaro era nada, praticamente’.”

Lula disse ainda que está disposto a discutir qualquer assunto com Trump e também se colocou à disposição de ajudar os Estados Unidos na questão da Venezuela.

“Disse para ele que era extremamente importante levar em conta a experiência que o Brasil tem como maior país da América do Sul, como país economicamente mais importante, que tem como vizinho quase toda América do Sul, que ele levasse em conta que aquilo que precisar o Brasil vai ajudar na relação com a Venezuela”, disse Lula, afirmando ainda que foi ele quem levantou a questão venezuelana para Trump.

(Reportagem de Danial Azhar e Oliver Griffin)