(Reuters) – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou na quinta-feira que a decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de remover a tarifa de 40% de importação imposta sobre alguns produtos brasileiros “foi um passo na direção certa, mas precisamos avançar ainda mais”.
“Seguiremos nesse diálogo com o presidente Trump tendo como norte nossa soberania e o interesse dos trabalhadores, da agricultura e da indústria brasileira”, disse ele em post no X, depois de participar do Salão do Automóvel em São Paulo.
Em vídeo que acompanha o texto na rede social, Lula afirmou ainda que irá agradecer Trump “só parcialmente, porque eu vou agradecer totalmente quando tudo estiver acordado entre nós”, sem dar detalhes.
“Eu acho … que o Trump deu um bom sinal, então nós precisamos estar preparados porque ele está convidado para vir ao Brasil quando ele quiser e eu espero ser convidado para ir a Washington para a gente poder zerar qualquer celeuma comercial, política, entre Brasil e Estados Unidos”, disse Lula no vídeo ao lado do vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, e do ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
Trump assinou um decreto na quinta-feira para suspender os impostos de importação sobre produtos agrícolas afetados pelo anúncio da tarifa de 40% em julho, informou a Casa Branca.
O decreto vai afetar as importações norte-americanas de produtos brasileiros a partir de 13 de novembro e poderá exigir o reembolso das tarifas cobradas sobre esses produtos, de acordo com texto divulgado pela Casa Branca.
“O que interessa não é esse tipo de sanção, de mal-entendido, o que interessa é adensar as cadeias produtivas, é aproveitar os nossos minerais para produzir bateria aqui, produzir carro elétrico aqui, produzir energia limpa aqui. É as nossas cadeias produtivas estarem integradas, o nosso comércio estar integrado, a gente poder exportar mais, importar mais”, disse Haddad no vídeo ao lado de Lula.
Em nota, o Ministério das Relações Exteriores disse ter recebido a suspensão tarifária com “satisfação”, e afirmou que a revogação da tarifa adicional de 40% atinge vários tipos de carne, café e diversas frutas como manga, coco, açaí e abacaxi.
“O governo brasileiro reitera sua disposição para continuar o diálogo como meio de solucionar questões entre os dois países, em linha com a tradição de 201 anos de excelentes relações diplomáticas”, diz o Itamaraty, na nota.
O ministério chama a atenção para o fato de que o enunciado do decreto desta quinta faz menção à conversa telefônica entre os presidentes dos dois países, em outubro, e afirma que Trump recebeu recomendações de altos funcionários sobre o “avanço inicial das negociações”.
O Itamaraty pontua ainda que a medida é retroativa a 13 de novembro, “data que coincide com o dia da última reunião entre o ministro Mauro Vieira e o secretário de Estado Marco Rubio em Washington”.
A decisão também foi comemorada por entidades ligadas aos setores beneficiados pela medida.
A Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec) celebrou a remoção das tarifas sobre a carne bovina brasileira.
“A medida demonstra a efetividade do diálogo técnico e das negociações conduzidas pelo governo brasileiro, que contribuíram para um desfecho construtivo e positivo”, disse a associação em nota.
Também em nota, o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Ricardo Alban, avaliou que a decisão do governo norte-americano de remover a tarifa de 40% a mais de 200 produtos agrícolas brasileiros configura “avanço concreto na renovação da agenda bilateral e condiz com papel do Brasil como grande parceiro comercial dos Estados Unidos”.
A Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic) também comemorou a revogação da tarifa, o que garante taxa zero para a exportação do produto.
“Essa conquista é resultado do forte trabalho diplomático liderado pelo vice-presidente Geraldo Alckmin e pelo chanceler Mauro Vieira, além da mobilização de toda a cadeia produtiva do café, que foi extremamente unida, e das nossas contrapartes nos Estados Unidos”, afirmou Pavel Cardoso, presidente da Abic, em nota.
“Com esta nova ordem fica evidenciado que o café brasileiro é um produto essencial e estratégico para a economia americana, abrindo, inclusive, espaço para ampliação da presença dos cafés industrializados brasileiros no varejo norte-americano, com ganhos diretos para toda a cadeia produtiva, da indústria ao produtor.”
(Reportagem de Maria Carolina Marcello)




