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Lula e Trump têm conversa amistosa em telefonema e combinam encontro presencial em breve

Imagem de Luiz Inácio Lula da Silva, presidente do Brasil, com expressão séria, cabelos grisalhos e barba grisalha, usando uma blusa vermelha.

Por Lisandra Paraguassu

BRASÍLIA (Reuters) -O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente norte-americano, Donald Trump, concordaram nesta segunda-feira em encontrar-se pessoalmente em breve, depois de um primeiro telefonema entre ambos, nesta manhã, em tom classificado como “amistoso” pelo governo brasileiro.

Na conversa, segundo nota do Palácio do Planalto, os dois concordaram em tentar um encontro durante a Cúpula da Associação das Nações do Sudeste Asiático (Asean), no final do mês, na Malásia, onde ambos estarão. Lula também se dispôs a ir aos Estados Unidos, se necessário.

No telefonema de cerca de 30 minutos, os líderes trataram, segundo a nota do governo brasileiro, das tarifas comerciais impostas pelos EUA a produtos brasileiros e da abertura de negociações entre os dois países.

“Recebi, nesta manhã, telefonema do presidente Trump. Conversamos por 30 minutos e relembramos a boa química que tivemos no encontro em Nova York por ocasião da Assembleia Geral da ONU”, disse Lula em publicação nas redes sociais.

Mais tarde, em entrevista a uma afiliada da Globo no Maranhão, Lula disse ter se surpreendido com a cordialidade de Trump.

“Brasil e EUA tem que ser exemplo ao mundo… Acho que ele entendeu. Fiquei bastante surpreso com a cordialidade dele”, disse Lula à TV maranhense.

Lula relatou ainda, na entrevista, que conversou com o norte-americano sobre a tarifa de 50% imposta a produtos brasileiros importados pelos EUA e, de forma genérica, sobre sanções a ministros.

“Eu falei para ele, para a gente começar a conversa é importante que comece a haver o zeramento das taxações, é importante que comece a haver a isenção da punição aos nossos ministros e a gente comece a discutir com um pouco de verdade”, afirmou.

“Nós, depois da nossa conversa de hoje, em que as coisas ficaram mais claras, em que eu disse o que pensava, ele disse o que pensava, nós ficamos de marcar uma conversa para a gente se encontrar em torno de uma mesa. Enquanto isso nosso pessoal vai negociando e tentando decidir, porque não tem sentido isso, a taxação que foi feita ao Brasil.”

De acordo com uma fonte a par do que foi conversado, a situação do ex-presidente Jair Bolsonaro, que teria sido o estopim para a imposição de tarifas de 50% dos EUA contra as exportações brasileiras, não foi citada, assim como a possibilidade de regulamentação das “big techs” — outro ponto sensível para Trump.

Da mesma forma, a situação do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, sobre quem foi aplicada sanção dos EUA sob a Lei Magnitsky, também não foi citada diretamente.

Ainda segundo esta fonte, a conversa foi descontraída. Quando Lula reforçou sua disposição de negociar e ressaltou que não tem inimigos, Trump respondeu que ele sim tem.

Trump designou o secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, como o contato para dar sequência às negociações sobre as tarifas com o vice-presidente Geraldo Alckmin e com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, designados pelo Brasil como negociadores.

A abertura de um canal direto é um avanço em relação à política adotada até agora, em que os ministros brasileiros admitiam que os canais de negociação estavam bloqueados.

Rubio já havia tido um encontro sigiloso com Mauro Vieira, em Washington, mas depois disso a interlocução havia cessado.

“No telefonema, recordei que o Brasil é um dos três países do G20 com quem os Estados Unidos mantêm superávit na balança de bens e serviços. Solicitei ao presidente Trump a retirada da sobretaxa de 40% imposta a produtos nacionais e das medidas restritivas aplicadas contra autoridades brasileiras”, disse Lula nas redes sociais.

Além disso, os dois presidentes “trocaram telefones para estabelecer via direta de comunicação”, informou o Palácio do Planalto.

“Se for uma coisa que precisar envolver mais gente, eu vou envolver, porque não sou eu que faço as negociações. Mas quando eu tiver um assunto político grave e eu tiver que tratar com o presidente Trump e ele comigo, a gente não vai precisar ficar esperando que a burocracia, que a liturgia, marque uma data. Não. A gente pega o telefone, liga um para o outro e coloca o assunto na mesa”, disse Lula na entrevista à filiada da Globo.

A conversa foi acompanhada por Alckmin, Haddad, o ministro da Secretaria de Comunicação da Presidência, Sidônio Palmeira, e pelo assessor especial da Presidência, embaixador Celso Amorim. Após sair do encontro, Haddad afirmou que a conversa foi “positiva”.

Em entrevista a jornalistas, Alckmin disse que a conversa foi melhor do que o governo brasileiro esperava.

Em uma postagem nas redes sociais, Trump disse que a ligação foi “muito boa”, acrescentando que se concentrou nas relações econômicas e comerciais entre os dois países.

“Teremos mais discussões e nos encontraremos em um futuro não muito distante, tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos”, escreveu Trump.

NEGOCIAÇÕES DE BASTIDORES

O telefonema desta segunda-feira aconteceu depois de uma série de negociações de bastidores entre membros dos dois governos. Primeiro houve um encontro de poucos minutos durante a Assembleia-Geral das Nações Unidas, há duas semanas, em Nova York. Na ocasião, ambos se cumprimentaram e, depois de Lula afirmar que eles precisavam conversar, Trump sugeriu um encontro na semana seguinte.

O presidente norte-americano pegou toda a delegação brasileira de surpresa — inclusive o próprio Lula — ao citar o encontro em seu discurso na Assembleia-Geral, afirmando que houve uma “boa química” com o brasileiro.

Nos dias passados desde o encontro em Nova York, uma nova série de negociações em sigilo aconteceu para que o telefonema — que era a preferência do governo brasileiro para uma conversa inicial — acontecesse. O acerto final para a conversa foi feito neste final de semana, de acordo com uma fonte ouvida pela Reuters.

A fala de Trump sobre Lula na ONU veio em meio a um aumento nas tensões na relação bilateral entre Brasil e EUA, após a imposição de tarifas ao Brasil e sanções impostas aos ministros do STF, inclusive com a aplicação da Lei Magnitsky a Moraes — o relator dos processos contra Bolsonaro no Supremo.

Uma fonte ouvida pela Reuters revelou que a tensão diminuiu depois do julgamento de Bolsonaro, que foi condenado a mais de 27 anos de prisão pela Primeira Turma do STF por uma tentativa de golpe de Estado após perder a eleição presidencial de 2022 para Lula.

Na avaliação da diplomacia brasileira, o fato de não ter havido uma “comoção social” com a condenação pode ter mostrado ao governo norte-americano que a situação no Brasil não era exatamente a que estava sendo vendida a Trump.

Trump havia citado o processo contra Bolsonaro, classificando-o de “caça às bruxas”, em carta publicada nas redes sociais quando anunciou o tarifaço contra o Brasil.

(Reportagem de Lisandra Paraguassu; reportagem adicional de Costas Pitas;Edição de Pedro Fonseca)

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