(Reuters) – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu nesta quinta-feira que os países do Mercosul usem suas moedas locais nas transações comerciais dentro do bloco para reduzir custos, e afirmou que o grupo deve olhar para a Ásia após realizar acordos comerciais com a Europa.
Ao assumir a presidência rotativa do Mercosul — fundado por Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai — durante reunião de cúpula do bloco sul-americano em Buenos Aires, Lula mencionou ainda a necessidade do Mercosul avançar com acordos comerciais com países como Canadá, Emirados Árabes Unidos e Panamá.
“Podemos diminuir custos e reduzir riscos cambiais utilizando nossas próprias moedas. Precisamos de um sistema de pagamento em moedas locais revigorado e moderno, que facilite transações digitais”, afirmou Lula em seu discurso.
“Avançaremos nas tratativas com Canadá e Emirados Árabes Unidos. Na região, é preciso trabalhar com o Panamá e a República Dominicana, e atualizar os acordos com Colômbia e Equador. É hora de o Mercosul olhar para a Ásia, centro dinâmico da economia mundial. Nossa participação nas cadeias globais de valor se beneficiará de maior aproximação com Japão, China, Coreia, Índia, Vietnã e Indonésia.”
O Mercosul concluiu na quarta-feira as negociações de um acordo de livre comércio com o bloco europeu Efta, formado por Suíça, Noruega, Islândia e Liechtenstein, e também já terminou as negociações do acordo comercial com a UE. Em ambos os casos ainda falta a assinatura definitiva.
“Estou confiante de que, até o fim deste ano, assinaremos os acordos com a União Europeia e com a Efta, criando uma das maiores áreas de livre comércio do mundo”, afirmou o presidente.
Em seu discurso, Lula também disse que o beneficiamento de minerais críticos extraídos do solo de países do grupo deve ocorrer localmente, com transferência de tecnologia e geração de emprego e renda na região.
O presidente afirmou ainda que a instalação de centros de processamento de dados dentro dos países do Mercosul é uma questão de “soberania digital”.
“A corrida por lítio, terras raras, grafita e cobre já começou… É fundamental garantir que as etapas de beneficiamento ocorram em nossos territórios, com transferência de tecnologia e geração de emprego e renda”, defendeu.
“Novas tecnologias estão concentradas nas mãos de um pequeno número de pessoas e de empresas, sediadas em um número ainda menor de países… Trazer centros de dados para a região é uma questão de soberania digital. Esse esforço deve ser acompanhado do desenvolvimento local de capacidades computacionais, do respeito à proteção de dados e de investimentos para suprir demandas adicionais de energia.”
(Por Eduardo Simões, em São Paulo)