Por Marta Nogueira e Fabio Teixeira
RIO DE JANEIRO (Reuters) – O lucro líquido da Petrobras recuou 37,9% no primeiro trimestre na comparação com o mesmo período do ano anterior, informou a petroleira nesta segunda-feira em seu relatório financeiro, frustrando as expectativas do mercado e ainda reportando dividendos menores do que o esperado.
O resultado da companhia somou 23,7 bilhões de reais, uma queda também na comparação com o quarto trimestre, de 23,7%, principalmente diante de menores volumes de vendas e devido à redução do preço do petróleo e da margem de diesel.
“A desvalorização cambial do real em relação ao dólar, entre outros fatores como menores volumes de venda de óleo e derivados, preço do petróleo e margem do diesel, trouxe impacto”, disse em nota o CFO da estatal, Sergio Leite, ao explicar o recuo versus o quarto trimestre.
“Quando ocorre a desvalorização cambial, há flutuação no demonstrativo financeiro pela variação do câmbio que reconhecemos por regra contábil. Contudo, isso não afeta o caixa da companhia.”
Entre janeiro e março, o resultado financeiro foi negativo em 9,6 bilhões de reais, ante 3,2 bilhões negativos no mesmo período de 2023 e um resultado positivo de 1,4 bilhão de reais no quarto trimestre.
Esse resultado financeiro, segundo a companhia, foi impactado principalmente pela perda com variação cambial do real frente ao dólar, que se desvalorizou 3,2% no primeiro trimestre ante o fechamento de 2023.
Desconsiderando os itens não-recorrentes, o lucro líquido seria semelhante, de 23,9 bilhões de reais, montante abaixo do esperado por analistas, que previam um lucro líquido recorrente de 30,2 bilhões de reais, em média, conforme pesquisa da LSEG.
Com o resultado, a Petrobras aprovou um pagamento de 13,45 bilhões de reais em dividendos e juros sobre capital próprio (JCP) intercalares aos acionistas, o equivalente a 2,61 bilhões de dólares. O Citigroup havia previsto dividendos de cerca de 3 bilhões de dólares.
O lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação (Ebitda) ajustado totalizou 60,04 bilhões de reais entre janeiro e março, queda de 17,2% versus o mesmo período de 2023 e recuo de 10,2% na comparação com o quarto trimestre.
A receita de vendas da petroleira somou 117,72 bilhões de reais no primeiro trimestre, queda de 15,4% na comparação anual e decréscimo de 12,3% versus o trimestre anterior.
A redução da receita com derivados no mercado interno na comparação trimestral deveu-se principalmente a menores preços, à sazonalidade do consumo, ao aumento do teor de biodiesel na mistura do diesel e à perda de competitividade da gasolina para o etanol hidratado, segundo a companhia.
A estatal registrou ainda menor receita com a venda de petróleo no mercado interno, com menos volumes vendidos para a Acelen, que opera a refinaria de Mataripe, na Bahia, e menores receitas com exportações.
A empresa havia reportado no mês passado que sua produção de petróleo no Brasil subiu 4,4% entre janeiro e março ante igual período do ano passado, principalmente devido ao avanço operacional de quatro plataformas que entraram em operação ao longo de 2023.
A Petrobras produziu média de 2,236 milhões de barris de petróleo por dia (bpd) no país no primeiro trimestre, versus 2,141 milhões de bpd nos mesmos três meses de 2023, informou a empresa em seu relatório de produção e vendas.
A companhia encerrou o primeiro trimestre com uma dívida bruta de cerca de 61,8 bilhões de dólares, uma queda de 1,2% em comparação com o fechamento de 2023 e dentro do intervalo de referência entre 50 bilhões e 65 bilhões de dólares.
(Reportagem adicional de Andre Romani)