Por Kevin Yao e Ellen Zhang
PEQUIM (Reuters) – Líderes chineses sinalizaram nesta terça-feira que as medidas de estímulo necessárias para atingir a meta de crescimento econômico deste ano serão direcionadas aos consumidores, desviando-se de seu hábito de despejar fundos em projetos de infraestrutura.
A segunda maior economia do mundo não cumpriu as previsões de crescimento no segundo trimestre e enfrenta pressões deflacionárias, com as vendas no varejo e as importações apresentando um desempenho significativamente inferior à produção industrial e às exportações.
O Politburo, principal órgão de tomada de decisões do Partido Comunista Chinês, prometeu, ao final de sua reunião de julho, fazer “ajustes anticíclicos” durante o restante de 2024 para atingir uma meta de crescimento econômico de aproximadamente 5% para o ano.
“A reunião enfatizou que é necessário se concentrar no aumento do consumo para expandir a demanda interna”, disse a agência de notícias oficial Xinhua.
O Politburo disse que as medidas devem aumentar a renda dos moradores “por meio de vários canais” e aumentar a “capacidade e disposição” dos grupos de baixa e média renda para gastar.
O órgão ainda pediu medidas para melhorar o bem-estar dos idosos e das crianças e “tecer uma rede de seguridade social densa e sólida”.
Como esperado, nenhuma medida específica foi anunciada, mas a liderança se comprometeu a “lançar oportunamente um lote de medidas políticas incrementais”.
Ao fazer referência à renda e ao bem-estar social, o órgão acenou com medidas defendidas por alguns economistas que há muito tempo argumentam que o modelo econômico da China depende muito do investimento e produziu muito mais dívidas do que crescimento nos últimos 15 anos.
Analistas disseram que a última leitura do Politburo continha mais referências ao consumo das famílias do que as anteriores, mas isso não aponta necessariamente para uma nova agenda de mudança estrutural a fim de reequilibrar a economia.
O resumo da reunião ainda forneceu espaço proeminente para a busca de “novas forças produtivas”, um termo cunhado pelo presidente Xi Jinping no ano passado que prevê pesquisa científica e atualizações tecnológicas para o maior complexo industrial do mundo.
Isso sugere que Pequim está mantendo suas prioridades do lado da oferta, disseram os analistas.
Pequim usa a reunião do Politburo de julho para recalibrar as políticas econômicas para o resto do ano, e não como um fórum que discute metas de longo prazo. Uma reunião diferente do partido entre 15 e 18 de julho, que ocorre aproximadamente duas vezes por década, apontou para a continuidade da política econômica, em vez de mudanças estruturais.