Por Nate Raymond
BOSTON (Reuters) – O governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, expandiu sua campanha contra a Universidade de Harvard nesta segunda-feira, quando o Departamento de Saúde e Serviços Humanos anunciou o início de um processo que pode levar a instituição a se tornar inelegível para o financiamento federal.
O Escritório de Direitos Civis (OCR, na sigla em inglês) disse que encaminhou o nome de Harvard a escritório do departamento responsável pelos processos administrativos de suspensão e exclusão, medida que abre a porta para que a universidade da Ivy League seja impedida de firmar contratos com todas as agências governamentais ou receber financiamento federal.
O anúncio ocorre depois que, em julho, o Escritório de Direitos Civis encaminhou a instituição ao Departamento de Justiça dos EUA sob alegações de que ela não havia tratado da discriminação e do assédio contra estudantes judeus e israelenses em seu campus.
Paula Stannard, diretora do Escritório de Direitos Civis, disse que Harvard foi notificada sobre seu direito a uma audiência administrativa formal, na qual um juiz de direito administrativo vai determinar se a universidade violou o Título 6 da Lei de Direitos Civis de 1964. A universidade tem 20 dias para solicitar uma audiência.
“O encaminhamento de Harvard pelo OCR para um processo administrativo formal reflete o compromisso do OCR de proteger os investimentos dos contribuintes e o interesse público mais amplo”, disse Stannard em um comunicado.
Sediada em Cambridge, Massachusetts, a Universidade de Harvard não respondeu a pedidos de comentários. A universidade já havia dito que seu objetivo é combater a discriminação.
O governo de Trump lançou uma campanha para usar o financiamento federal como instrumento de pressão por mudanças em Harvard e em outras universidades, que, segundo o presidente, estão dominadas por ideologias antissemitas e de “esquerda radical”.
Harvard entrou na Justiça contra algumas dessas ações, levando a uma decisão judicial, no início deste mês, determinando que o governo encerrou ilegalmente mais de US$2 bilhões em concessões de pesquisa.
Na decisão, a juíza distrital dos EUA Allison Burroughs afirmou que o governo Trump “usou o antissemitismo como uma cortina de fumaça para um ataque direcionado e ideologicamente motivado às principais universidades deste país”.
O governo vem buscando um acordo com Harvard. Durante recente reunião de gabinete, Trump disse que a universidade deveria pagar “nada menos que US$500 milhões”, pois ela “foi muito ruim”.
O governo alega que as universidades permitiram demonstrações de antissemitismo durante os protestos pró-palestinos. Os manifestantes, incluindo alguns grupos judeus, dizem que suas críticas ao ataque de Israel a Gaza e à ocupação dos territórios palestinos não devem ser caracterizadas como antissemitismo e que sua defesa dos direitos palestinos não deve ser equiparada ao extremismo.
(Reportagem de Nate Raymond em Boston)