Por Luana Maria Benedito
SÃO PAULO (Reuters) – O dólar fechou esta sexta-feira em leve queda frente ao real, amplamente em linha com a fraqueza da divisa norte-americana no exterior, ao mesmo tempo que investidores repercutiram a decisão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de vetar integralmente projeto que prorrogava a desoneração da folha de pagamento.
A moeda norte-americana à vista encerrou a sessão em baixa de 0,17%, a 4,8990 reais na venda.
Na semana, o dólar recuou 0,14% frente ao real, marcando a sexta baixa nessa base de comparação em sete semanas.
Operadores afirmaram que a queda do dólar nesta sexta refletiu principalmente a fraqueza da divisa norte-americana no exterior, onde seu índice frente a uma cesta de pares fortes caía 0,40% na volta do feriado de Ação de Graças nos Estados Unidos.
Recentemente, dados de inflação mais baixos do que o esperado reforçaram a visão de que o Federal Reserve já terminou de elevar os juros e pode começar a cortá-los no primeiro semestre do ano que vem, narrativa que têm reduzido o apelo do dólar frente a divisas mais rentáveis nas últimas semanas.
Mas investidores domésticos também repercutiram positivamente o veto de Lula ao projeto que prorrogava até 2027 a desoneração da folha de pagamento de 17 setores da economia, que teve sua votação concluída no Congresso no fim de outubro e poderia implicar perda de arrecadação num momento em que o governo se esforça para melhorar a situação fiscal.
“Com um ambiente externo favorável e avanço nas pautas fiscais locais, os investidores aumentam suas apostas em busca de maiores prêmios, resultando na valorização do real, que, por enquanto, se mantém abaixo dos R$ 5,00”, disse Diego Costa, chefe de câmbio para Norte e Nordeste da B&T Câmbio.
Por outro lado, alguns participantes do mercado alertavam para grandes chances de o veto de Lula ser derrubado no Congresso, algo já ventilado por vários parlamentares, que destacaram o amplo apoio que a medida recebeu no Congresso e defendem que a iniciativa afeta a geração de empregos.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta sexta-feira que o veto à prorrogação da desoneração da folha salarial foi necessário porque a medida é inconstitucional, e prometeu apresentar uma alternativa ao benefício, ressaltando que o governo continuará a fazer revisões de incentivos tributários que estão comprometendo as contas da União.
“Acreditamos que, hoje, se forem colocados em votação, os vetos caem. Entretanto, como na política sempre tudo tem um ‘mas…’, Haddad também disse hoje que vai apresentar uma nova proposta que deve atender o pleito dos municípios por mais recursos… Até que tal proposta surja, o nosso entendimento é de que os vetos têm dias contados no Congresso”, disseram Felipe Salto, economista-chefe Warren Investimentos e Erich Decat, chefe do time de análise política da corretora.
No mês de novembro, o dólar acumula baixa de quase 3% frente ao real.