Por Fernando Cardoso
SÃO PAULO (Reuters) – O dólar à vista tinha leve alta ante o real nesta segunda-feira, com investidores demonstrando maior aversão ao risco no início de uma semana em que está previsto o anúncio sobre tarifas de importação recíprocas do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em meio a temores com o impacto da medida sobre a economia global.
Às 9h29, o dólar à vista subia 0,21%, a R$5,7750 na venda.
Na B3, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento tinha alta de 0,29%, a R$5,776 na venda.
Assim como tem sido na maior parte deste ano, os mercados globais estão atentos aos planos tarifários dos EUA, à medida que se aproxima a data de 2 de abril, quando Trump vem prometendo anunciar uma série de tarifas recíprocas sobre parceiros comerciais.
O presidente norte-americano, que havia dito ainda durante sua vitoriosa campanha à Casa Branca que desejava equilibrar o enorme déficit comercial dos EUA, busca responder às taxas e outras barreiras implementadas por parceiros sobre os produtos norte-americanos.
Em sua mais recente declaração sobre o tema, Trump disse no domingo que as tarifas a serem anunciadas na quarta-feira atingirão todos os países, não apenas um grupo pequeno de parceiros, afastando expectativas criadas na semana passada de que as taxas de importação poderiam ser mais direcionadas.
Uma vez que os agentes financeiros temem que as medidas do governo dos EUA possam levar a uma guerra comercial global que gere inflação mais alta e desaceleração econômica, os mercados demonstravam maior cautela nesta sessão, à espera do anúncio de Trump.
O índice do dólar — que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas — subia 0,09%, a 104,100.
Até o momento, após várias ameaças e recuos, Trump já implementou tarifa de 20% sobre produtos chineses, tarifas de 25% nas importações de aço e alumínio e tarifas de 25% sobre mercadorias de Canadá e México que desrespeitem as regras de um acordo comercial da América do Norte.
Ele também prometeu na semana passada tarifas de 25% sobre importações de automóveis, que devem entrar em vigor em 3 de abril.
Ao longo da semana, os investidores também devem voltar suas atenções para o relatório de emprego dos EUA, que será divulgado na sexta-feira.
Na cena doméstica, o destaque da segunda para o mercado de câmbio é a disputa pela formação da Ptax. Calculada pelo Banco Central com base nas cotações do mercado à vista, a Ptax serve de referência para a liquidação de contratos futuros.
No fim de cada mês, agentes financeiros tentam direcioná-la a níveis mais convenientes às suas posições, sejam elas compradas (no sentido de alta das cotações) ou vendidas em dólar (no sentido de baixa).
Mais cedo, analistas consultados pelo BC em sua pesquisa Focus mantiveram suas projeções para a inflação neste ano e no próximo.
O levantamento mostrou que a expectativa para o IPCA é de alta de 5,65% ao fim deste ano, mesma previsão da pesquisa anterior. Para 2026, a projeção para a inflação brasileira se manteve em 4,50%.