Por Luana Maria Benedito
SÃO PAULO (Reuters) – O dólar passou a subir frente ao real nesta quarta-feira, com investidores parando momentaneamente as vendas após uma série de três quedas seguidas da moeda norte-americana, conforme as expectativas seguiam voltadas para dados de inflação dos Estados Unidos.
Às 9h50 (de Brasília), o dólar à vista subia 0,44%, a 5,1512 reais na venda. Na B3, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento avançava 0,23%, a 5,150 reais na venda.
“Acho que ontem a gente viu um cenário de realização de lucros, que a gente já vem vendo há alguns dias, e agora é realmente aguardar os próximos dados e ver o que mostram de indícios sobre essa questão de haver dois cortes, ou não, dos juros nos EUA”, disse Thiago Avallone, especialista em câmbio da Manchester Investimentos.
Na véspera, o dólar à vista fechou o dia cotado a 5,1285 reais na venda, em baixa de 0,80%. Em três dias úteis, a moeda acumulou queda de 2,33%, revertendo apenas parte dos fortes ganhos registrados mais cedo neste mês, em meio à reprecificação de cortes de juros pelo Federal Reserve e aos riscos fiscais domésticos.
Operadores, que entre o final de 2023 e o início de 2024 chegaram a apostar em até 1,50 ponto percentual de afrouxamento monetário nos EUA ao longo deste ano, precificam atualmente apenas dois cortes de 0,25 ponto.
Juros mais altos nos EUA são, num geral, benéficos para o dólar, já que tornam os rendimentos dos Treasuries mais atraentes, chamando investidores para os mercados norte-americanos.
Agora, a expectativa fica pela divulgação de dados do índice de inflação PCE, o preferido do Federal Reserve, na sexta-feira, e, antes disso, os dados do Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA referentes ao primeiro trimestre, na quinta.
No Brasil, investidores continuavam de olho nas perspectivas de política monetária, uma vez que o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, alertou que a elevação das incertezas poderia levar a uma desaceleração do ritmo de afrouxamento monetário. Isso levou a elevação nas projeções de mercado para o nível da Selic ao final deste ano.
Um ritmo mais lento de afrouxamento monetário no Brasil, em teoria, seria positivo para o real por preservar melhor a rentabilidade do mercado de renda fixa, mas esse aspecto positivo pode ser compensado pelo risco fiscal elevado que ajudou a provocar essa reprecificação sobre os juros em primeiro lugar.